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VITÓRIA

Meu pai teve que viajar de última hora logo pela manhã. Ele foi contrariado por Eduardo ter que passar o dia dos pais sem uma "presença" paterna, porém o tranquilizei dizendo que ele entenderia. Sem sono e entediada liguei para a minha principal companhia desses dias: João Vitor. Ele mesmo sonolento veio até mim ao saber que eu estava sozinha, disse que meu pai havia o feito prometer que não me deixaria só após o episódio do shopping.

Ele veio e trouxe algumas guloseimas e um pedaço de torta que eu devorei em minutos já que Dudu dormia. Fomos pra borda da piscina, ele sentou-se com os pés dentro da mesma e eu me deitei colocando minha cabeça em seu colo.

— Ouvi dizer que você é a pessoa mais dorminhoca do mundo. Pra tá sem sono deve ter muita coisa passando nessa cabecinha!

— Não é nada. — menti — É só essa bota que tá me incomodando. É horrível ficar com isso.

— Tem certeza? Desembucha logo, mulher! Vocês têm uma frescura de ficar guardando as coisas pra vocês! — bufou — Deixa eu adivinhar, tudo isso se resume á Gabriel?

Tampei meu rosto com as mãos grunhindo irritada.

— Tá tão na cara assim? — destampei só um olho e ele riu.

— Não. Até que você se faz bem de durona. Mas eu tô na sua cola á quase uma semana e enfim... — riu e eu suspirei — Assume, você ainda morre de ciúmes e amores por aquele pé de alface! — riu e eu mordi sua coxa.

— Não fala assim dele! — ri — E sim, eu ainda amo muito o Gabriel.

— Mas é orgulhosa demais pra ir atrás dele?

— Infelizmente sim! Mas amo ele demais, aquele é o único homem que eu sonho em passar resto da minha vida ao lado.

Vi João sorrir negando e acabei rindo com vergonha, com certeza eu estava feito um pimentão.

GABRIEL

Meu olhos instintivamente marejaram ao ouvir ela dizer que além de me amar muito eu sou o único homem em que ela sonha em passar o resto da vida ao lado. Escutei também ela dizer sobre ser orgulhosa e de certa forma aquilo me ajudou. Se eu realmente á quiser de volta, eu que terei que agir. Saí de fininho da casa, não queria que ela soubesse que eu á ouvi. E nem queria que ela vesse meus olhos marejados. Fiquei quase dez minutos no carro, me recompus e fingi chegar naquele momento tocando o interfone.

Quem me atendeu foi ele, vi que se assustou, sorri irônico pra ele e tive vontade de zoar por Vitória ter dito na cara dele que me amava. Mas guardei minha "vitória íntima" pra mim mesmo.

— É... — coçou a cabeça sem jeito — O Eduardo ta dormindo e a Vitória... enfim, eu já tava de saída! — disse todo sem jeito, passou por mim feito um furacão e antes que eu fechasse a porta de novo ele entrou correndo, pegou a chave do carro e saiu.

Fechei a porta e fui á passos silenciosos até a área da piscina, onde á minutos atrás ouvi as mais belas palavras. Vitória continuava deitada, o antebraço cobrindo o rosto do sol. Estava com um short jeans curto, uma blusa de pijama e com um cardigã já desgastado. Estava linda.

— Quem era?

— Eu! — escorei na porta que dava acesso ali e vi ela quase cair de susto na piscina ao ouvir minha voz.

— Ga... Gabriel? — arregalou os olhos se sentando — O que você tá fazendo aqui?

— Não achou que eu iria passar o meu primeiro dia dos pais longe do meu filho, né? — ri e fui me aproximando, me sentei ao seu lado e ela me olhou sem jeito — Dói? — perguntei tocando sua perna machucada.

DESTINO | Gabriel BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora