Tudo doía, e tive que me esforçar para conseguir olhar para o lado.
Estava tudo escuro demais, apenas alguns pontos de luzes espalhados. Pisquei várias vezes.
Minha visão toda embaraçada.
Algo segurava minha mão.
Era ela, eu podia sentir.
Tentei a procurar com os olhos, mas a escuridão não permitia.
Já me sentia exausto, tudo parecia tão difícil.
Foi quando algo começou a fazer um barulho estranho.
Sua mão saiu da minha de forma rápida, por alguns segundos um clarão me permitiu vê-la de relance.
Seu celular tocava e assim que ela o colocou no ouvido a escuridão voltou.
Mas eu podia ouvir sua voz, e aquilo por ora era suficiente.
— Tá tudo bem, mãe? Febre? Me deixa falar com ele... Eduardo, tá tudo bem? Você quer que a mamãe vá pra casa?
Lembrei-me então de todas as vezes que ela conversava comigo. Eduardo estava doente.
Lembrei-me até do tombo que ele levou e ela me contou antes de interromper sua gargalhada por um choro sentido.
Não fazia idéia de quantos dias eu estava ali, de tudo o que perdi ou o que estava realmente acontecendo.
Finalmente senti meu corpo todo.
Não enxergava, mas eu sentia vários fios ligados á mim.
Ouvi os insistentes bips que me atormentaram tanto soarem cada vez mais rápido.
Ouvi Vitória levantar de pressa e gritar por um médico.
Não tive mais forças, adormeci de novo.
Estava tudo claro.
Claro demais.
Alguém passava algo vagarosamente sobre cada ponto do meu rosto.
Era gostoso, o cansaço de ontem diminuiu, o sono também.
Como alguém que acorda de um sono profundo ao meio dia, abri meus olhos.
Vi um par de olhos castanhos se arregalarem.
A claridade era demais.
Fechei novamente meus olhos os apertando.
Senti uma lágrima cair sobre meu rosto e incomodado abri meus olhos de novo.
Fui impedido de ver qualquer coisa quando alguém me abraçou me cegando com vários fios castanhos sobre meu rosto.
Ouvi soluços.
Conheceria aquilo mesmo á quilômetros.
— Dhio, cê tá me sufocando. — ri de leve tudo doía, até conversar era cansativo.
— Meu Deus, você tá conversando normal, você se lembra de mim, meu Deus, meu Deus!
Minha irmã estava eufórica. Eu não conseguia entender nada, Dhiovanna soltou-se de mim e encheu meu rosto de beijos. Ela não parava de chorar e eu já estava assustado. Mas era visível todo o seu alívio. E como sempre, se ela estava feliz, eu ficava também. Mesmo sem entender exatamente o que estava acontecendo.
VITÓRIA
Eduardo estava todo enjoadinho. Estava cheio de dores de cabeça e febre, finalmente havia cessado as náuseas, mas mesmo assim como todo filho doente, não queria desgrudar da mãe, mesmo que a avó estivesse lá para o encher de mimos.
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DESTINO | Gabriel Barbosa
FanfictionClassificação +16 (pode conter gatilhos específicos) | Todos os direitos reservados. Anos separados, um segredo, mudança drástica para ambos e um sentimento forte demais para serem capazes de lidar com tão pouco tempo.