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VITÓRIA

Era quase madrugada quando Gabriel me ligou. Por incrível que pareça eu estava acordada, assistindo á um filme e comendo besteiras.

— Amor! Você não vai acreditar! Vou poder inaugurar o escritório antes do previsto. Tô pensando em fazer isso semana que vem, já fechei alguns anúncios e tô investido na publicidade agora. — contei empolgada, antes que ele me falasse até mesmo um “oi”.

Sério? Que bom!

— Sim! E depois eu fico mais tranquila pra resolver as coisas do nosso casamento. Eu tava pensando, você sempre sonhou em ser na igreja né? Mas eu acho lindo na praia também!

É bonito mesmo.

— Você tá estranho, o que foi? — perguntei ao perceber seu desânimo. Sempre que falávamos do casamento ele era o primeiro a se empolgar

Só essa perna que não para de doer.

— Queria estar aí contigo, te fazer uma massagem, sei lá... — suspirei.

Tenho que te contar um coisa.

— Fala. — ri.

Pessoal do escritório marcou umas entrevistas pra mim. Pra contar sobre o acidente, a recuperação e essas coisas.

Se eles entrevistarem sua mãe ela vai fazer o mundo me odiar. — comentei sem ver e ouvi seu risinho desanimado.

A primeira a me entrevistar vai ser a Daiana. — percebi Gabriel sem jeito ao me falar, e de imediato não liguei o nome à pessoa. Mas ao ligar seu silêncio e seu jeito estranho, enfim me recordei de que Daiana ele falava. Daiana Angelo, a empresáriade moda que ele fez questão que o mundo soubesse que transaram. Só não entendia o porquê de ser ela, nem parte desse ramo ela fazia — Tá aí ainda? — perguntou sem jeito.

— Tô.

E o que me diz?

— Boa entrevista. — falei tentando controlar meu ciúme.

Não vai ficar chateada?

— Não. É o seu trabalho... Quando é essa entrevista?

Fim da semana.

— Ah... — ficamos os dois em silêncio. Ele estava estranho e algo me dizia que não era apenas por essa entrevista — Ta realmente tudo bem?

.

— E o Eduardo, como tá?

Desmaiado ao meu lado. — riu — E nossa boneca?

— Tá bem. — passei a mão por minha barriga — Anda, fala logo. O que tá te incomodando?

Não é nada, meu bem!

— Eu te conheço! É sua mãe?

Não!

— Vai mentir pra mim?

Que saco! Só tô cansado desse tédio todo aqui, só isso! — suspirou.

— Tudo bem, Gabriel, não quer me contar o que tá acontecendo, não conte! — nenhum de nós desligou, e outra vez permanecemos em silêncio, até eu ouvir um grunhido irritado dele.

Eu odeio isso em você!

— Isso o que?

Você me conhecer tão bem! — disse irritado e eu acabei rindo.

DESTINO | Gabriel BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora