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Ohana:

O engraçado era que confessávamos certas coisas e não nos sentíamos arrependidas ou intimidadas por isso. Eu sorri ladina, e selei-lhe os lábios com a maior sutileza possível. Senti suas mãos subirem por minhas costas, adentrarem-me os fios na região da nuca, e puxar de leve, buscando-me para um beijo fleumático.

Eu adorava seu jeito manso ao estar comigo. Não havia toda aquela destreza, nem o agir maçante.

-Larissa: Precisa descansar. - ela disse baixinho, afinal já era um pouquinho tarde, e eu tinha que acordar cedo.

Ela me acompanhou até a suíte como de costume, e depois que fechei a porta, a pedi de vista. Acabei por tomar um banho demorado, fazer os cuidados noturnos e vestir um robe rubro.

Larissa:

Eu saia do cigar room, quando ouvi passos quase que silenciosos. Mas não o suficiente para passar-me despercebido. Os corredores do segundo andar estavam completamente escuros, já se passava das 2 da madrugada, e eu permanecia sem sono. Olhei através dos muitos janelões que se tinham por ali, e deparei-me apenas com um céu neblinado, ofuscado,  e uma chuva fraca, além das iluminações do jardim.

Em um fleche de luz através do janelão, tive a coloração rubro a se revelar, e os passos dados, eram muito conhecidos por mim. Ela passou por mim em passos vagarosos, a medida em que sua mão arrastou-se por minha barriga. Senti seu corpo todo a abraçar-me por trás, seu cheiro inquestionavelmente bom, e sua respiração morna em meu ouvido.

-Ohana: Não consegue dormir? - ela sussurrou baixinho, um pouco rouca.

-Larissa: Não. - respondi-a também em sussurros.

Senti seus dedos gélidos colocarem-me os fios atrás da orelha, sua respiração ainda mais próxima, e seus lábios a arrastarem-se por minha pele. Sequencialmente um beijo vagaroso, e outro... e outro...

-Ohana: Dorme comigo hoje? - ela pediu-me baixinho.

Suas mãos tocaram as minhas, entrelaçando seus dedos aos meus. Levei-me a derrear o rosto para o lado, e ela passou a beijar meu pescoço com lentidão,  pouco importando-se com o que tudo aquilo causaria-nos no futuro. Meu corpo dividia-se entre a razão e o desejo, eu a queria, mas minha mente tentava negá-la.

-Ohana: Não deveríamos ter chegado tão longe... não é? - ela sussurrou baixinho, e senti todo meu corpo responder em positividade. - Agora não tem como fugir.

Eu me encontrava estática. Seus toques me mantinham presa ali, assim como sua voz doce e arrastada. Seu cheiro, e seu corpo. Chegava a ser inacreditável a forma como ela me fazia baixar a guarda rapidamente.

-Ohana: Eu quero mais do que posso ter. - sussurrou outra vez. - Mas juro... é apenas dormir. Hum, vamos?

E eu vinha dando-a mais do que poderia. Eu tinha um lugar ali, mas como profissional. Nosso casinho idiota, por mais que muito bom, estava indo longe demais. O pior era que sabíamos disso, mas não parávamos. Eu queria sua exclusividade, e ela vociferava em ameaças sempre que me via tendo olhos sobre outras. Sempre aproveitávamos os momentos quais seu pai não estava em casa, e escondíamos-nos quando tínhamos apenas a presença dos seus irmãos.

-Ohana: Quero ficar você um tempinho... - ela disse baixinho. - Eu sei que eu não posso, mas eu quero.

Porque o errado era tão bom? Não Ohana, não podíamos ficar ainda mais próximas. Virei-me para ela e com passos vagarosos, eu queria dizer: Não. Mas quem disse que conseguia? Aquele olhar era estritamente perfeito, seu carinho comigo era inigualável e eu juro por tudo, não conseguia dizer: Não.

Í𝔫𝔣𝔦𝔪𝔬 𝔡𝔢𝔩í𝔯𝔦𝔬 - ᴏʜᴀɴɪᴛᴛᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora