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Ohana:

-Larissa: Ele vai se conter por agora... - ela sussurrou frustrada assim que me aproximei. - Mas me defender só vai fazê-lo me odiar.

Eu compreendia toda sua frustração. Querendo ou não, meu pai tinha uma importância tremenda pra ela, visto que tinha tirado-a das ruas e dado a ela um emprego. Tinha sido como um pai, até que passasse a morar conosco.

-Ohana: Ele machucou você? - questionei inquieta.

-Larissa: Não... - ela respirou fundo e sorriu ladina, fraco. - Sabe... ele não conseguiu. - ela olhou-me nos olhos ao relatar.

Eu engoli em seco enquanto observava-a, havia tanta esperança e pureza em seus olhos. As pupilas dilatavam todas as vezes que falava sobre ele, e agora não era diferente.

-Larissa: Há um pedacinho naquele coração maldoso, que não se permite fazer isso. - ela sussurrou sorrindo ladina.  - Mas uma hora vai se corromper e ele vai fazer... bem, eu acho.

(...)

Depois de almoçar com minha família, e ajudar Viviane com coisas básicas, tornei a faculdade. Era por volta das 18:00 quando voltei sai da faculdade e, depois de passar no shopping com Gregory, fomos para casa. Fui diretamente para a academia, onde presumia que Larissa estivesse com meu pai. O mundo poderia cair, mas eles nunca deixavam de praticar aquilo juntos, fosse em silêncio pelo conflito, ou entre conversas aleatórias.

Assim que adentrei a parte mais interna com Gregory, os observamos no octógono. Papai era um fissurado em Muay Thai, praticava desde que era jovem, e vinha passando esse ensinamento para Larissa a um bom tempo, aparentemente.

-Yoseph: Mantem a guarda alta, Larissa. - ele soou repressivo quando ela errou pela segunda vez.

Ela o olhou nos olhos por alguns segundos, e ele sorriu ladino. Ele era um completo desequilibrado, com personalidades vastas e um humor tremendamente mutável. Eu temia pelos seus modos de agir.

Larissa trocava a base dos pés, mantinha-se atenta e com a guarda alta. Papai a olhava severamente, como se fosse capaz de adivinhar qualquer movimento a ser realizado. Como se pudesse controlá-la apenas ao olhar.

-Gregory: Isso me parece mais uma maneira regrada para descontarem a raiva. - ele expressou-se baixinho, estando ao meu lado, tendo os braços cruzados.

Fissurei-me pelas marcas no corpo da ruiva, vermelhas, recentes. Não estavam só treinando. Ele estava abusando do momento para descontar a raiva que sentia dela, querendo ou não. Isso era óbvio, visto que ele tinha muito mais conhecimento que ela, dentro de um octógono. A observei atacar e ele defender, enquanto sorria esnobe provocando-a raiva. Ele sabia manter o controle, ela... nem tanto.

-Yoseph: Mandei prestar atenção. - ele praguejou depois de deferir um soco firme abaixo de suas costelas esquerdas.

A observei tontear e perder o ar por alguns segundos, Gregory segurou-me pelo antebraço antes mesmo que eu esboçasse alguma reação.

-Gregory: Pare de defendê-la. - ele disse paciente. - Deixe que ele se expresse sem pressão. Contrariar ele, só alimenta mais a necessidade dele de se mostrar superior. Deixa ele se sentir aberto pra agir com mais sutilidade...

-Yoseph: Quer um tempo? - ele questionou calmo, e ela assentiu milimetricamente.

Papai retirou as luvas e as jogou ao chão, tocou-a o rosto e colocou alguns dos fios já soltos, atrás da orelha. Pressionou seus ombros e ela respirou fundo.  Larissa fechou os olhos e então apenas os observei conversarem baixinho. Era inaudível para mim.

Í𝔫𝔣𝔦𝔪𝔬 𝔡𝔢𝔩í𝔯𝔦𝔬 - ᴏʜᴀɴɪᴛᴛᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora