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Ohana:

Eu me questionava se ela já tinha vivido momentos bons, quando ainda não nos conhecíamos. Seu passado me parecia um filme de terror, um drama de frustração sem fim.

-Ohana: Ei... tudo bem? - questionei quando adentrei o quarto e a vi pegar o celular e deitar-se na cama.

-Larissa: Sim. - ela disse convicta, sorrindo ladina.

-Ohana: Meu amor, tem certeza?

-Larissa: Sim, eu tenho. - pareceu sincera e então eu cessei o questionamento.

-Ohana: É que você falou com tanta naturalidade, que me deixou um pouquinho preocupada. - expliquei e ela sorriu ladina. Me sentei ao seu lado e respirei fundo. - Pode me contar alguma coisa boa sobre o que viveu? É que... parece que eu só conheço memórias ruins suas.

-Larissa: São poucos, mas eu vivi momentos bons. - ela sorriu ladina. - Tipo no natal, quando era criança. - ela disse. - Minha... mãe. - ela disse com receio, por chamá-la de mãe. - Passou dias questionando sobre o que eu gostava, e no natal ela me deu o presente mais legal do mundo. Era um brinquedo, de cor rosa, era meio que uma espécie de casinha... de bonecas. - ela disse nostálgica e eu sorri. - Juro, era como febre naquela época, e eu fiquei muito feliz por ganhar.

-Ohana: E como foi esse natal?

-Larissa: Não éramos tão ruins de condição, mamãe me levou pra jantar, só nós duas, em um dos melhores restaurantes do Rio. - ela disse. - Depois me levou pra orla, tiramos fotos e ela me levou pra tomar sorvete de pistache. Ela me deixou dormir depois da meia noite, assistimos filme e comemos pipoca. Ela fez brigadeiro e me levou pra cama, e eu dormi, depois de escutar canções de ninar. Eu era a garotinha dela... - ela disse, guardando aquilo como uma boa memória, não como uma recordação do que era bom em comparação com o que era ruim.

-Ohana: Guarda isso como uma boa memória... - ressaltei e ela assentiu sorrindo ladina, sem mostrar os dentes.

-Larissa: Eu guardo boas memórias dela. Ela foi uma boa mãe, por um tempo. - disse. - No fundo eu a amo, mas sei que ela deixou de me amar a muito tempo...

-Ohana: Ei... - eu chamei e ela me olhou. - Nós todos te amamos, hum? E eu sei que no fundo, ela ama você.

-Larissa: Talvez me ame... mas isso não importa mais. - ela disse. - Eu tenho uma família agora, e estou feliz e bem assim.

-Ohana: Sempre estará, meu amor. - respaldei e ela sorriu quando a fiz cosquinhas. - Hum? Eu prometo.

Olhei-a nos olhos e lhe passei confiança, ela sorriu envergonhada, tocou meu rosto e fez uma carícia.

-Larissa: Quero ser pra nossa filha... a melhor mãe do mundo. - ela disse. - Presente pra compartilhar momentos e memórias, quero ser pra ela, o que a minha não foi pra mim.

-Ohana: Você já é, Lari. - eu disse.

-Larissa: Prometo continuar sendo.

-Ohana: Eu sei, meu bem... eu sei.

Deixei um selinho em seus lábios e permaneci ali pertinho dela, estando entre suas pernas, com meus braços apoiados acima dos seus ombros.

-Larissa: Sabe... quando minha mãe morrer, porque eu sei que vai, devido a tudo que ela faz e fez. Quando acontecer, quero visitar o Brasil, e dar a ela um enterro digno. - ela disse. - Eu odeio tudo que ela fez comigo, mas ainda amo tudo que ela fez por mim quando eu era a garotinha dela. Ela foi a pessoa que amei genuinamente.

-Ohana: Faremos o que quer que decida. - eu soei convicta, antes de deitar minha cabeça em seu peito.

(...)

Í𝔫𝔣𝔦𝔪𝔬 𝔡𝔢𝔩í𝔯𝔦𝔬 - ᴏʜᴀɴɪᴛᴛᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora