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Ohana:

Eu não consegui falar nada. Larissa virou-se para mim com facilidade, mesmo que estivéssemos em um jetski. Ela me olhou semicerrado, engoliu em seco de passou a fitar a água do mar.

-Ohana: Perdão... - pedi baixinho, por não conseguir dizer nada.

-Larissa: Tudo bem. Não há o que se falar... - ela sussurrou, e sorriu sem graça.

Coloquei as mãos sobre seus joelhos e ela me olhou nos olhos. Aproximei-me e deixei dois selinhos, antes de me inclinar e abraçá-la cuidadosamente.

-Ohana: Sinto muito por ter passado por tudo isso. - eu sussurrei baixinho. - Muito mesmo.

Senti sua respiração pesar, e permaneci abraçada a ela. Caso sentisse necessidade de chorar, tinha meu colo. Sempre teria. Levei a mão a tocar suas costas, levemente, e isso a fez se sentir mais segura. Senti meu ombro molhar, e logo soube o que acontecia.

-Ohana: Tem algo que posso fazer por você? - perguntei baixinho. - Hum? Qualquer coisa, meu amor.

-Larissa: Só que fique aqui comigo um pouquinho. - ela soou rouquinha, chorosa.

-Ohana: Ta bom. - sussurrei ao seu ouvido.

Era por isso que odiava tanto sua mãe. Se não tivesse se envolvido nisso tudo, Larissa nunca teria passado por essas consequências.

-Ohana: Está segura agora. - pacientemente tentei acalma-la aos pouquinhos. - Você se fez forte, e resistiu como ninguém. A Larissa adolescente... tem orgulho da Larissa de hoje, porque a Larissa de hoje nunca deixaria que nada de ruim acontecesse com ela.

(...)

Voltamos pra casa já no pôr do sol, eu sentia minha pele completamente ressecada, e Larissa, bem, mais morena do que nunca. Esperei ela sair do banho, enquanto mexia nas minhas redes sociais e a aguardava na cama.

Me peguei pensando no quanto era nova e inteligente, que tinha tudo pela frente. E que já tinha ouvido muito do meu pai: "Nunca se envolva com alguém como eu, a cova é rasa, e está sempre aberta para nós." Esse conceito tinha esvaído-se da minha mente desde que beijei a boca dela pela primeira vez. Era patético pensar nisso, quando eu tinha alguém tão importante pra mim.

Larissa:

Saímos da ilha e pousamos em San Diego por volta das 20:00. Ohana arrumou-se rapidinho e então saímos para jantar com as amigas dela, em um restaurante no norte da cidade. Sentamos em uma área mais reservada, porém, ainda assim era movimentada. Visto que o restaurante estava lotado.

-Ohana: Eu estou vendo. - ela sussurrou ao meu ouvido, depois de repousar a taça de vinho sobre a mesa. Enquanto suas amigas conversavam entre si. - Não se faz de doida não.

-Larissa: O que? - eu estava dispersa. - É o reflexo do mar que eu estou olhando... - apontei discretamente para o vidro não muito distante de nós.

Ela continuou me olhando séria, e eu engoli em seco. Nada me assustava, exceto aquele olhar enciumado que parecia que a qualquer momento me arrancaria a alma.

-Larissa: O que eu fiz? - perguntei.

-Ohana: Você não é sonsa.

-Larissa: O que é que você está vendo? - questionei baixinho. - Só você que está vendo... eu não estou.

-Ohana: Eu vou até sorrir... pra disfarçar. - ela sussurrou entre dentes, sorrindo forçado.

Respirei fundo e olhei em volta. Suas amigas bebiam e conversavam, vez ou outra sorriamos para concordar com o assunto pautado na mesa. Mas nos prendíamos mesmo uma no olhar da outra, e bem, ela estava completamente enciumada.

Í𝔫𝔣𝔦𝔪𝔬 𝔡𝔢𝔩í𝔯𝔦𝔬 - ᴏʜᴀɴɪᴛᴛᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora