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Ohana:

Eu tinha ido ao shopping naquele fim de manhã, com Larissa, depois de passarmos na faculdade pra resolver umas burocracias antes que eu tornasse para as aulas da minha formação em direito. Gastei com algumas compras pessoais em lojas de grife e ficamos um tempinho por lá. Bebemos um vinho depois de almoçarmos juntas em um restaurante pouco movimentado no norte de San Diego, com a presença de Arielle, uma das minhas melhores amigas. Ela havia mandado-me mensagens avisando estar por perto e eu acabei convidando-a.

-Ohana: Você está tão quietinha... - eu reclamei com o silêncio continuo da ruiva, depois que passamos a caminhar em direção ao carro.

-Larissa: Não foi nada. - ela respondeu baixinho, destravando o veículo.

Assim que entramos, movi a chave na ignição, o desligando antes que ela desse partida. Liguei o ar-condicionado e observei-a por alguns segundos.

-Ohana: Jura pra mim que está tudo bem? - questionei carinhosa e cuidadosa, levando a mão até seus fios, pondo-os atrás da orelha.

-Larissa: É só uma dor de cabeça que não passa por nada... - ela disse a razão e eu olhei atenciosa.

-Ohana: Já tomou remédio? - questionei paciente e ela assentiu. - Vamos pra casa, hum? Pra você descansar.

Quando chegamos em casa já se passava das 13 horas, Larissa colocou a Mercedes na garagem e subimos o elevador, para o primeiro andar da casa. Caminhávamos em passos lentos pelo corredor até a sala, mas uma breve discursão entre meu pai e uma voz feminina, me fez levar a mão até o abdômen de Larissa, mantendo-a atrás de mim, para que ficássemos quietinhas e ouvíssemos tudo.

-Yoseph: Cala a porra da boca, Viviane! - eu o ouvi soar grosseiro.

-Viviane: Você não tem o direito de gritar comigo, hum? - ela rebateu rapidamente. - Não tem o mínimo direito, Yoseph!

Eu dei passos curtos até ter acesso visual aos dois. Viviane era uma mulher linda, cabelos longos e negros, pele bronzeada, olhos vividos e bem desenhados. Uma face linda. Um corpo magro e alto. Usava um vestido longo e branco, soltinho, que deixava-a maravilhosa.

-Viviane: É tão... tão engraçado o fato de que você parecia ser uma pessoa completamente diferente. - ela sorriu sem graça e eu pude compreender o tom de voz choroso. - Hum?

-Yoseph: Diferente? Eu sempre deixei bem claro do que se tratavam nossas noites.

-Viviane: Ah claro! - ela sorriu ainda mais irônica, gargalhando em alto e bom tom. - Mas agora que estou carregando um filho seu, todo seu jeito mudou, não é?

Eu o vi apontar o dedo na face dela, e engolir em seco. Eu podia jurar que ele debruçaria a mão sobre sua face, mas havia uma parte em mim que tinha certeza de que ele nunca, nunca, em hipótese alguma, agrediria uma mulher. Eu o vi cerrar o punho e baixá-la aos pouquinhos, antes afastar-se com lentidão, a proporção em que pedia perdão repetidas vezes só por ter apontado o dedo em seu rosto.

-Ohana: Tudo bem por aqui? - questionei paciente, pondo-me aos poucos para dentro do ambiente. - Escutei a gritaria. - salientei e ele me olhou.

-Yoseph: Perdão. - ele sussurrou baixinho, uma última vez para ela, olhando-a nos olhos. Antes de sair da sala de estar, sumindo do meu ponto de vista.

-Viviane: É... - ela estava sem jeito. - Desculpa... pelo barulho. - disse tímida.

Larissa se manteve silenciosa e atrás de mim. Observei-a se encostar no batente e cruzar os braços, dando-me tempo para consolar a mulher. De alguma forma.

Í𝔫𝔣𝔦𝔪𝔬 𝔡𝔢𝔩í𝔯𝔦𝔬 - ᴏʜᴀɴɪᴛᴛᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora