59

648 67 15
                                    

Ohana:

Depois do café da manhã, assistimos os garotos, Bryan e Miguel brincarem no gramado do jardim, ainda que estivesse extremamente frio, não nevava na região em que minha avó morava.

-Ohana: Ele parece bem. - comentei com Lari, em relação ao Miguel.

-Larissa: Ele tem bom caráter. - ela disse baixinho, e eu concordei em um assentir milimétrico. - Diferente dos nossos pais...

-Ohana: Acho que ele tem sorte, em ter alguém como você por perto. Para dar suporte e uma boa criação a ele. - fui sincera e ela sorriu fraco.

Toquei suas costas, enquanto estávamos sentadas no gramado, lado a lado. Lari tinha as pernas recolhidas, abraçando-as, enquanto apoiava o rostinho nos joelhos.

-Larissa: Acha mesmo isso?

-Ohana: Você é a pessoa mais leal, convicta e honesta que conheço. - eu disse baixinho, eu tinha orgulho dela.

Ela respirou fundo e deitou o rosto sobre os joelhos, me olhando atenciosa e carinhosa. Tornou a última posição e permaneceu fitando o garoto, que brincava com Bryan no gramado em meio aos empurrões. Como típicos meninos bobos que adoram brincar com violência.

-Larissa: Eu nunca vou deixá-lo ter ego, ele vai ser legal com todos em todo lugar que formos. - ela disse em um sussurro quase inaudível. - No fundo eu só quero que ele tenha uma vida fácil. Para que não viva como eu, no passado. - ela mais uma vez respirou fundo. - Quero que as pessoas gostem dele, não quero que ele seja odiado ou julgado o tempo todo.

-Gregory: E eu nunca vou deixá-lo ir a um strip club. - ele disse paciente, sentando-se ao lado da minha noiva. - Descobri da pior forma que lá não é lugar de conseguir amor.

-Ohana: E eu nunca vou deixar a irmã dele ir embora... - sussurrei ao ouvido dela. - Sei que ela não aguentaria a pressão de fazer tudo isso sozinha.

Ela me olhou sorrindo sem mostrar os dentes, e dessa vez fui eu quem respirei fundo.

(...)

Eu estava agora com a vovó, sozinhas, em seu quarto. Ela estava na poltrona, tinha um livro em suas mãos, enquanto eu estava deitada em sua cama, e tinha as costas apoiadas na cabeceira. Suspirei alto, e isso pareceu chamar sua atenção.

-Sophia: Ok... - ela tirou os ósculos e colocou o livro sobre o móvel ao lado. - O que quer me dizer e está enrolando?

-Ohana: Que vou ter um bebê. - disse sem gaguejar e ela me olhou quieta. - E que é importante pra mim que saiba disso.

-Sophia: É isso que fato quer? - ela questionou paciente, pondo-se de pé, e vindo até a cama.

-Ohana: É... é isso que quero. - respondi baixinho. - Não acha que é uma má ideia, acha? - questionei em um sussurro, depois de um tempinho.

-Sophia: "Nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para onde ir." - ela recitou uma frase de Sêneca. - Se é isso que você quer, vá em frente.

Deitei a cabeça em seu ombro e ela repousou a mão em minha perna, fazendo uma curta carícia.

-Sophia: Ela continua te fazendo feliz?

-Ohana: Ela nunca deixou de me fazer feliz. - fui sincera.

-Sophia: Você é impulsiva. - minha vó disse baixinho quando a olhei nos olhos. - Você é como o pensamento de Nietzsche. - ela mencionou. - Na mesa da sua alma, sentam-se muitos, e você é todos eles. Há um velho, uma criança, um sábio e um tolo. - relatou com paciência. - Ninguém nunca saberá com quem está sentado, ou por quanto tempo permanecerá com cada versão sua.

Í𝔫𝔣𝔦𝔪𝔬 𝔡𝔢𝔩í𝔯𝔦𝔬 - ᴏʜᴀɴɪᴛᴛᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora