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Ohana:

Seus olhinhos brilhavam, eu juro, era a coisa mais linda do mundo. Ela mordiscou os lábios e sorriu fraco, eu vi quando as pupilas dilataram e quando seu olhar ficou cada vez mais doce.

-Ohana: Eu te amo. - ressaltei mais uma vez. - É esse olhar... esse corpo e esse afeto todo que me rege por cada segundo. - sussurrei em seu ouvido, depois de colocar os fios atrás da orelha. - Sabia?

Esquivei-me e vi o olhar semicerrar, o sorriso se esboçar ainda mais puro e a pele arrepiar-se por inteira. Ela sorria tão genuína, que eu podia jurar que havia encontrado o paraíso, ainda que estivesse cheia de pecados. No âmbito profissional, não era nada gentil, mas no nosso espacinho pessoal... ela era a melhor mulher do mundo.

-Larissa: Ohana... eu também te amo. - ela disse dengosa.

Selei-lhe os lábios como se fosse esse contato físico que mantivesse-me viva. De alguma maneira, o calor que transmitia-me, o amor que revelava-me, mantinha-me estável de maneira atroz. Era meu equilíbrio mental. Sabe o ar de rebeldia que habitava em mim? Ele resguardava-se quando ela estava por perto. A ironia do falar, a inquietude ao não ter o que queria. Era como se ela me despertasse sapiência emocional, tranquilidade e segurança para agir com tal. Ela me desfazia por inteiro, e reconstruía-me novamente.

Senti suas mãos deslizarem por minhas costas, tomando-me em completa posse. Senti meu corpo ainda mais perto do seu, assim que ela pressionou minha cintura. Seus olhos buscaram meus lábios com carinho, e vi o sorriso se resguardar os pouquinhos, a medida em que os olhos se enchiam de afeto e os lábios passavam a ser umedecidos com a ponta da língua. Outra vez os castanhos prenderam-se aos meus, e eu sorri.

-Larissa: Nunca pensei que fosse capaz de sentir algo assim... - ela sussurrou rouca.

-Ohana: Eu quero te mostrar muito mais. - sussurrei. - Quero aprender tudo que não tenho conhecimento, ao seu lado. Com você.

-Larissa: Eu não estou sonhando, né? - ela questionou dengosa, com os olhos marejados e eu sorri completamente boba.

-Ohana: Não, meu amor. Você não está sonhando. - sussurrei em seu ouvido, depois de abraçá-la como se pudesse protegê-la de tudo e todos.

Todo aquele sentimento pra mim era novo, mas não se comparava quando se tratava dela. Eu tinha consciência da sua vivência no passado, de como era nova e de tudo que enfrentou. Do desamparo, da ausência de afeto fraternal, e do desconhecimento do amor. Eu tinha prometido a mim mesma que faria a primeira vez dela amando alguém, ser a mais cuidadosa e genuína possível. Eu seria pra ela, tudo que não puderam ser pra mim. Não referindo-me a abdicar das minhas vontades, e sim por tratá-la com responsabilidade afetiva, com respeito e zelo. Afinal, eu era seu primeiro amor, e pretendia ser o último, a única.

(...)

Acomodei-me ao lado do meu pai, enquanto observávamos Larissa na areia da praia, brincando com o cachorro da família. Ela arremessava uma bolinha de borracha, e Blake corria para pegá-la.

-Yoseph: Como foi a viagem?

-Ohana: Ótima. - respondi rapidamente. - Temos que conversar.

-Yoseph: Uh... - ele expressou-se sorrindo ladino. - O que há de tão importante pra cortar o clima assim?

-Ohana: Aquela mulher na areia... - comentei em um escape de realidade. - Ela é importante.

-Yoseph: É... ela é importante. - ele sussurrou baixinho. - Pra mim, em especial. Eu espero que saiba. Mas há algo de errado?

Respirei fundo e pensei em como faria aquilo. Bem, de uma forma ou outra, isso uma hora viria à tona. E eu colocaria-me a preparar o espaço, para que quando viesse, o baque não fosse tão grande para ele.

Í𝔫𝔣𝔦𝔪𝔬 𝔡𝔢𝔩í𝔯𝔦𝔬 - ᴏʜᴀɴɪᴛᴛᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora