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Larissa:

"Você é expressiva demais, sabia?" A voz rouca soou em meu ouvido, trazendo-me uma lucidez tão atônita. Pude ouvir o seu sorrir frustrado, e posteriormente sentir a ponta do seu nariz arrastar-se pela extensão da lateral do meu pescoço, seus dentes morderem levemente o lóbulo da minha orelha, e um beijo estalado ser deixado em minha nuca.

-Ohana: Por que tão expressiva assim? - ela perguntou baixinho, e eu me prendia ao fitar o lago Lucerna.

-Larissa: Porque você é minha primeira, Ohana. - confessei baixinho.

-Ohana: Primeira mulher, eu sei... - ela disse em um sussurro.

-Larissa: E minha primeira paixão. - eu confessei e ela colocou-se na minha frente.

Sua mão delicada e tão macia, tocou-me a face em uma carícia sútil. Seus olhos castanhos me buscavam com também sutileza, ela tinha calmaria, como nunca. A garota rebelde que eu costumava ter, não estava ali.

-Ohana: Quero continuar sendo por um bom tempo. - disse olhando-me nos olhos. - Gosto do silêncio e do segredo, mas eles nunca gostaram de mim.

Aquela frase tinha realmente pegado-me em cheio. Respirei fundo e a fitei caminhar pelo mediano quarto no iate, ela serviu-se de uma bebida em temperatura ambiente e a vi ingerir com tranquilidade.

-Larissa: Vai desistir... - eu relembrei frustrada, nossa conversa. - Vai ficar, me fazer querer e aí... aí você vai desistir.

-Ohana: Ei... - ela disse rapidamente como se me repreendesse.

-Larissa: Foi isso que disse. - ressaltei e ela sorriu ladina. - O silêncio não vai te satisfazer por muito tempo... e aí você vai me deixar pra trás. - pontuei o que sentia com um medo expressivo demais.

-Ohana: Tudo vem à tona. - ela disse com convicção, sentando-se na cama. - E quando vier... vamos estar preparadas.

-Larissa: Não há como se preparar para o seu pai, ele é... impulsivo, e imprudente quando quer.

-Ohana: Ruivinha... - ela chamou-me pelo apelido constante. E eu caminhei até ela, sentando-me também na cama, levando-me a deitar a cabeça em suas pernas, recebendo seu carinho. - Esqueceu que também sou uma deles?

Era como costumavam dizer: "Se você é um Lefundes, está fadado a lidar com a violência." Ela era como eles, no fundo eu sabia bem. Tinha suas artimanhas, a forma rebelde de agir, a inteligência invejável fora a conduta que ia de mais singela e doce, até a mais atroz e gélida.

Ainda assim, Yoseph me assustava muito mais.

"Dois diabos no inferno nunca daria certo." - era o que a mãe de Yoseph costumava dizer, quando eu questionava sobre ele, na sua grande casa no extremo de San Diego. Eu conhecia bem aquela senhora, uma mãe não chegaria a este ponto ao referir-se ao seu filho, quando questionavam a ela sobre a infância do homem.

(...)

Bebemos achocolatado quente ainda naquele iate, Ohana sentou-se ao meu lado enquanto estávamos na pequena bancada estruturada. Nos estofados das laterais. Eu podia vê-la ter a mão na água cristalina, mexendo-a e sentindo a temperatura gélida que ali se tinha.

-Ohana: Sente que vou desistir de você? - ela questionou baixinho, fitando o movimento que fazia na água.

Sentei-me virada lateralmente para o lago, debrucei-me sobre meus próprios braços, confortavelmente, na borda do iate. Olhei-a paciente e assenti milimetricamente quando ela olhou-me buscando uma resposta.

-Larissa: Preciso me preparar mentalmente e emocionalmente pra isso. - eu disse baixinho, enquanto ela me olhava. - E essa proposta que fez... não funciona.

Í𝔫𝔣𝔦𝔪𝔬 𝔡𝔢𝔩í𝔯𝔦𝔬 - ᴏʜᴀɴɪᴛᴛᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora