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Larissa:

Minha visão era turva de mais para saber o que estava acontecendo. Eu podia ouvir os gritos lamuriosos de Ohana ecoarem em meu ouvido, a medida em que sentia meu corpo cambalear por aquele espaço fechado e escuro. Vi apenas uma figura masculina a minha frente, segurando um aparente taco de baseball, acomodado em seu ombro enquanto ele sorria atroz.

"Você é forte" ouvi a voz ecoar grossa e suave. "Que vadiazinha forte..." ele ecoou bárbaro e logo senti o impacto tremendo contra meu corpo.

Era tanta dor, que eu jurava que estava dormente. Ao mesmo tempo, sentia meu interior revirar, meu abdômen contrair e a respiração faltar. Era como estar sufocando no próprio corpo. Inspirei fundo, pela boca, como se acabasse de sair do fundo da água e senti que podia apenas me manter viva.

-Martinelli: Acordou, princesa? - o sorrisinho maquiavélico se esboçou. - Bom dia? - ele sussurrou, agachado diante de mim, segurando-me pelo queixo com uma só mão.

Só então percebi que estava ao chão, praticamente rastejando enquanto sentia todo meu corpo doer e se contorcer.

-Martinelli: Vamos começar outra vez, o que acha? - ele questionou inquieto.

Eu perdia-me entre sua voz grave e o choro incessante de Ohana, o pedindo pra parar. Eu nem se quer sabia se podia sentir algo pior que tudo aquilo, mas com toda certeza, aguentaria tudo para que não tocassem num fio de cabelo dela.

-Martinelli: Hum?

-Larissa: Tudo bem... - sussurrei sem forças, tendo os olhos quase fechados.

-Martinelli: Ótimo. - ele sorriu orgulhoso. - Vamos começar pela carga de muamba, hum? Traga recentemente por vocês.

-Larissa: Não existe... - eu tentei.

-Martinelli: Existe sim. - ele rebateu, pressionando meu maxilar com os dedos. - Eu soube que ela chegou recentemente, que passou pelas docas sem o nosso conhecimento. Eu quero que me conte como.

-Larissa: Eu não sei. - menti, e fui jogada contra a parede sem piedade alguma. Eu nem conseguia me colocar de pé, logo fui ao chão.

-Martinelli: Você está começando a me irritar. - ele sussurrou estarrecido.

Senti seu dedo ir contra a queimadura em meu abdômen, pressionando sobre, e eu senti que minha alma poderia sair do corpo só com aquele tocar. Eu grunhi em dor, contorci os dedos dos pés e cravei os das mãos ao chão, podia sentir que conseguiria arrancar o concreto com as unhas. Arquejei e tentei respirar, e ele sorriu.

-Martinelli: Um nome... e eu deixo você em paz por algumas horas, e te alimento. O que acha? - ele questionou baixinho.

-Larissa: Não posso. - sussurrei.

Eu não podia, lealdade me era a coisa mais pura da vida. Trair isso iria contra os meus princípios, e contra o meu amor pela Ohana. Eu colocaria ela em risco.

-Martinelli: Não quer comprometer o Yoseph, não é? Mas eu sei que foi armação dele, esse papinho de que uma carga foi roubada não entra na minha cabeça. Hum?

-Larissa: Não foi ele. - sussurrei sem forças.

-Martinelli: Os negócios são importantes, Larissa. E você sabe que para que eles se mantenham, precisamos de lealdade. Não acha? - ele questionou baixinho. - Seu chefe não cumpriu com a dele, mas não posso penaliza-ló, meu pai nunca irá tirar a credibilidade dele mas eu sei o que ele fez. Me dá um nome... para que eu esclareça tudo. Alguém que possa provar que Yoseph fez isso... hum?

Eu estava frágil de mais, e ainda assim conseguia raciocinar. Martinelli estava fazendo aquilo sem o consentimento de seu pai, Thomáz. Seu pai havia acreditado em Yoseph, mas o maldito garoto não. E queria alguém para culpá-lo.

Í𝔫𝔣𝔦𝔪𝔬 𝔡𝔢𝔩í𝔯𝔦𝔬 - ᴏʜᴀɴɪᴛᴛᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora