25

1K 83 8
                                    

Larissa:

Depois de tomar banho na manhã seguinte, direcionei-me até a sala de estar, e peguei-me fechando os olhos. Era como se flashs de luz passassem através dos meus olhos, eu não fazia a mínima ideia do que tinha feito na noite passada, em específico. Bem, sabia que tinha passado a noite com Ohana e feito coisas a mais, entretanto... o que eu havia dito? Bem, não sabia mesmo.

-Ohana: Saiu do transe? - a loira questionou inquieta assim que se aproximou e eu rapidamente sorri, levando a mão ao rosto.

-Larissa: Acho que sim. - afirmei paciente.

-Ohana: Sente dor de cabeça... alguma coisa? - ela questionou preocupada e eu neguei.

Ficamos em silêncio assim que o adentrar de seu pai, seguido por Joe, foi visível. Eu engoli em seco e fitei-o com calmaria, seu olhar logo colocou-se diante de mim e eu já podia sentir suas provocações.

-Ohana: Já pode parar com isso. - ouvi a voz de Ohana soar paciente, como nunca.

Ele assentiu sorrindo ladino, levando o dedo indicador a contornar os lábios. Yoseph agora era dono de uma postura inquieta, ele estava demasiadamente chateado comigo, mesmo que não soubesse que a culpa era de outro alguém.

-Yoseph: Querida... - ele tentou argumentar com a garota, e ela o interrompeu.

-Ohana: Na noite passada você estava descontrolado. - ela frisou paciente, tendo o olhar bárbaro dele sobre ela. - Parecia um... demônio desesperado. Não faça de novo.

Yoseph não gostava de ser contestado, mas Ohana era petulante, insolente na medida certa para confronta-lo sem ser contrariada. Era a garotinha qual ele daria o mundo, se possível.

-Yoseph: Perdão. - ele pediu a ela. Pelo que presenciou, não pelo que fez comigo.

Eu desviei o olhar quando Ohana buscou o meu, e momentos depois tornei a olhá-los. Ela sorria completamente desacreditada. Como se Yoseph fosse uma criança idiota no auge dos dez anos, aprontando. Ela o seguiu com o olhar até ele sumir do alcance de visão e quando Gregory tentou fazer o mesmo, Ohana o agarrou pela gola da camisa.

-Ohana: Está devendo um favor a ela. - ela referiu-se à mim. - Um favor bem grandioso, Gregory.

Ohana induziu-me a caminhar para fora com ela, até a área externa da casa, onde se estava monótono de certa forma. Suas amigas ainda dormiam, estávamos completamente a sós.

-Ohana: Jura pra mim que está tudo bem? - ela questionou outra vez, e eu assenti, convicta da minha resposta. - Não vai acontecer nunca mais, eu prometo.

-Larissa: Está tudo bem, hum? A culpa não foi sua. - sorri ladina.

Ohana sentou-se no sofá da área externa, o cachorro de Yoseph rapidamente correu para o estofado, deitando-se ao lado dela, imediatamente ganhando carinho.

-Ohana: Gregory deve um favor a você. - ela relatou pelo que havia cobrado o garoto. - Pode pedir a ele o que quiser, e quando quiser. Ele vai fazer.

-Larissa: Você manda facilmente nele? - questionei sorrindo e ela assentiu, sorrindo convicta.

-Ohana: Digamos que aprendi a sobreviver, entre esses seres que se dizem másculos e inteligentes. - ela sorriu um pouco mais, superior, ainda dando sua atenção ao cachorro. - Não passam de ignorantes.

Sentei-me ao seu lado, e após olhar em volta, ela induziu-me a deitar a cabeça em seu ombro. Sua mão livre, tocou-me a coxa e senti seus lábios beijarem-me o topo da cabeça.

Ohana:

Depois de almoçar com as garotas em um restaurante no centro de San Diego, fui acompanhada por Larissa até o estande de tiro no subterrâneo da casa, logo após chegarmos em casa. A observei manusear uma pistola prateada, 9mm. Ela repôs o cartucho e então colocou-se à me olhar.

-Larissa: O que? - sorriu incrédula. - Eu também não gosto nada disso. Se é que eu posso desgostar de algo...

Era tedioso, mas papai prezava que tivéssemos ótimas miras. Bem, para Gregory e Vicente isso já era costume, mas eu odiava ter de passar horas ali. Fazendo algo que eu já sabia. E Larissa por vez, também.

-Ohana: Onde... te ensinaram atirar? - questionei levemente curiosa, quando a vi testar a arma contra o alvo a metros de distância.

-Larissa: No interior do México. - ela disse paciente. - Foram... 3 meses, 14 dias e... - ela pareceu pensativa. - Vou ficar devendo as horas.

-Ohana: Decorou o tempo? - sorri idiota e ela assentiu.

-Larissa: Eu só tinha seu pai, Joe, e uma casa completamente monótona por mais que incrivelmente linda. - ela salientou seus motivos. - E bem... Joe era mais insuportável do que agora.

Outra vez a vi engatinhar a arma, e entregar-me de maneira segura. Apontei contra o alvo e instantaneamente senti as mãos de Larissa tocarem-me a cintura, logo depois do seu indicador tocar o centro das minhas costas, induzindo-me a travar as escapulas. Mantendo uma postura melhor.

-Larissa: Uma bala pode matar de três formas. - ela disse paciente, enquanto segurava minha mão, sobre a arma. - A primeira... nas extremidades. Sem uma artéria principal, terá de 10 a 20 minutos, antes de sangrar até morrer. - explicava-me com sabedoria, enquanto eu ouvia-a. E levou-me a apontar no alvo a região. - A segunda forma... em qualquer lugar da caixa torácica. Centro do peito. A bala resvala, ossos são partidos... o coração ou uma artéria é atingida. A pressão cai pra zero. - salientou. - A última forma, é o tiro fatal. No centro do crânio, qualquer ângulo. Como uma marionete com as cordas cortadas, você morre antes do seu cérebro saber o que houve. - senti sua respiração morna em minha pele. - Não esqueça... armas mudam tudo, e uma bala é pra sempre.

-Ohana: Nada que eu não saiba. - comentei e ela moveu a cabeça em negação.

-Larissa: Nada que possa esquecer. - salientou as razões por sempre me relembrar aquilo. - É por isso que prezamos que faça isso com responsabilidade visto que você usava impulsividade...

-Ohana: Pra tudo. - completei após presumir seu dito e ela sorriu quase imperceptível, levando-se a colocar-me os minúsculos protetores auditivos.

(...)

Já era por volta das 15:00, eu estava sentada sobre o balcão central, de frente para algumas muitas armas e objetos de proteção. De calibres pequenos, aos altos. De portes médios, aos minúsculos.

-Larissa: Você é sempre ótima. - salientou, entregando-me uma garrafinha de água.

-Ohana: Não era você quem odiava alimentar meu ego?

-Larissa: Ah... claro, claro! - ela reprimiu o riso e eu olhei-a carinhosa.

-Ohana: Obrigada. - agradeci, afinal eu estava cada vez melhor graças a ela. - Por tudo, Lari.

-Larissa: Não é hora pra gratidão.

-Ohana: Sempre é o hora pra gratidão. - repreendi-a e ela respirou fundo, repousando as mãos sobre minhas pernas. - E eu sou grata por tudo que faz por mim.

-Larissa: Eu sempre vou fazer... - ela disse-me baixinho. - Sempre. - senti sua mão delicada tocar-me o rosto.

-Ohana: Te quero por perto, o tempo todo. - confessei baixinho. - Me acostumei com a sua presença... acho que preciso de você pra vida toda.

-Larissa: Bem... - ela sorriu ladina, enquanto olhava-me nos olhos. - Eu vou estar aqui... a minha vida toda. - ela foi sincera, afinal, era por isso que havia decidido.

-Ohana: Lari... - chamei baixinho depois de um tempo. - Quando eu disse que preciso de você pra vida toda... falo da sua companhia, do seu jeito de ser, de você em si... não do seu trabalho.

Í𝔫𝔣𝔦𝔪𝔬 𝔡𝔢𝔩í𝔯𝔦𝔬 - ᴏʜᴀɴɪᴛᴛᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora