STING [𝐋𝐈𝐕𝐑𝐎 𝐈𝐈] daryl dixon⼁The Walking Dead

(Vol. IV) Ano III p.e. ⎥ Antes do tempo.

A floresta silenciosa abria-se a nossa frente como um campo verde de possibilidades. Com a diminuição da humanidade ao redor, árvores se tornavam mais altas, arbustos se tornavam mais fortes e a mata se tornava mais fechada.

Mesmo assim, nós dois caminhávamos separados por apenas dois ou três passos de distância. Com Rick sempre atrás de mim, claro, como o perfeito policial desconfiado que ainda era, enquanto eu observava atentamente alguns rastros tímidos de animais sobre o solo.

— Então, quem a ensinou a ler um mapa? — O xerife perguntou sorrateiro, como se estivesse buscando alguma forma de interação.

— Você mesmo, se esqueceu? — Debochei dentro de um sorriso calmo ainda mantendo o meu olhar no chão.

— Não, as coisas que te ensinei não seriam o suficiente. — Acusou como uma boa justificativa e eu parei os meus passos para encará-lo atrás de minhas costas, o esperando.

— Você me explicou o básico. — Concordei ao esperá-lo me alcançar. — O resto eu aprendi com o tempo. Na verdade, fui obrigada a aprender por uma questão de sobrevivência. — Expliquei quando retomamos nossos passos juntos lado a lado. — Sabe, adultos não são muito diferentes de crianças, afinal. Nós somos capazes de continuar aprendendo muitas coisas mesmo depois de crescidos. — Garanti mirando o meu olhar no chão. — E também fazemos birras de vez em quando... — Zombei ao olhá-lo com um sorriso divertido.

— É... — Ele concordou dentro de um suspiro derrotado. — Daryl me contou que você estava sozinha quando a encontrou. — Apontou como uma fofoca inocente e eu acabei sorrindo com prazer.

— Não me juntei a ninguém depois que saí da prisão. — Confirmei acenando algumas vezes de forma positiva. Porém o xerife pareceu bastante confuso e muito desacreditado antes de falar.

— Desculpe, não estou duvidando da sua capacidade, mas...

— É claro que não está. — Interrompi a sua frase sorrindo de um jeito irônico.

— Mas, como você conseguiu sobreviver sozinha lá fora? Na situação que estamos agora, isso parece surreal demais para acreditar. — Apontou ainda desconfiado quando tornou os olhos azuis em minha direção.

— Eu não sei. Simplesmente vou vivendo um dia de cada vez e as coisas vão dando certo. E quando não dão eu as concerto. — Dei de ombros de maneira conformada. — Acho que é porque, ao contrário da maioria das pessoas que conheço, eu não sou uma pessoa muito calorosa, sabe? — Tentei explicar ao franzir o cenho de forma reflexiva. — Eu tive a minha cota de presença humana preenchida quando estive no Centro Prisional de Jackson. Dividir tudo, o tempo todo, com outras pessoas obrigatoriamente ruins te torna meio frio, entende? — Debochei lançando um sorriso calmo em sua direção.

Rick voltou a encarar o chão de forma reflexiva enquanto ainda caminhávamos lado a lado. O policial parecia ponderar sobre as minhas palavras, como se precisasse decifrá-las como um pequeno código.