(Vol. V) Ano III p.e. ⎥ Fantasmas.

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Nós tivemos que enterrar mais um dos nossos

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Nós tivemos que enterrar mais um dos nossos.

Tyreese foi colocado dentro daquele túmulo de forma silenciosa. Uma cova aberta perto dos pessegueiros aonde eu e Tara havíamos colhido os frutos mais cedo. Nós duas havíamos dado a ideia por culpa da paisagem incrivelmente bonita naquele fim de tarde, apesar de tudo.

O céu tornava-se cada vez mais alaranjado em suas extremidades e um azul escuro em seu meio, denunciando o início da noite e fim do crepúsculo. O vento ameno balançava suavemente as folhas esverdeadas enquanto o padre Gabriel declamava um discurso bonito de despedida.

Todos ficamos em silêncio em volta daquele túmulo ao prestar as nossas condolências e apoio à Sasha. A irmã de Tyreese não estava apenas arrasada, ela estava destruída, se tornando cada vez mais inexpressiva e fora de órbita. Se movendo como se fosse apenas um robô agindo automaticamente, até mesmo no momento em que jogou um punhado de terra sobre o corpo do irmão com a ajuda de uma pá.

Era óbvio perceber que todos haviam tentado. O fato de Tyreese estar sendo enterrado com metade do seu braço faltando, a metade que havia sido mordida, acabou nos fazendo ter a certeza que tudo foi feito para tentar salvá-lo. Mas infelizmente as coisas aconteciam como tinham que acontecer.

Continuamos o nosso caminho em direção ao horizonte após o funeral sem termos um plano específico em mente, o que parecia bastante perigoso. Viajar em busca de sobrevivência estava ficando cada vez mais difícil e desafiador. Não ter uma meta tornava mais fácil se perder no caminho.

Quando tudo escureceu, Rick propôs a ideia de fazermos um triângulo utilizando os três automóveis que tínhamos, os que ainda tinham combustível; e acabamos acampando no centro deles como uma cerca de proteção entre aquelas árvores perto da rodovia principal.

Abraham acendeu uma fogueira pequena no centro de tudo e nós nos sentamos a rodeando com nossas costas apoiadas na lataria dos veículos; encarando em silêncio as chamas que balançavam rispidamente e transformavam todo o ambiente em uma cor alaranjada um pouco sombria e macabra.

Não tínhamos ânimo para conversas e por isso parecíamos apenas as sombras de fantasmas presos naquela floresta.

Carl estava sentado bem ao meu lado enquanto segurava a pequena Judy em seu colo. A menina, ainda acordada mesmo sendo tão tarde, se deliciava com o pêssego que eu havia colhido um pouco mais cedo e dividido entre nós todos como uma sobremesa, enquanto o restante do grupo desossava os pequenos esquilos caçados por Daryl.

Eu raspava o fruto doce com a ponta da navalha até acumular uma quantidade de purê sobre a lâmina e então a oferecia levando a massa com a ponta dos dedos nos lábios do bebê como uma pequena papinha agradável que ela parecia gostar.

Rick se aproximou daquela fogueira com a intenção de acrescentar um pouco mais de galhos finos para alimentar o fogo. Contudo, a forma como ele ficou abaixado em apenas um joelho e como seus pulsos se apoiaram sobre a sua perna ao encarar o fogo, nos fazia perceber que ele tinha coisas a nos dizer como o início de uma reunião.

STING [𝐋𝐈𝐕𝐑𝐎 𝐈𝐈] daryl dixon⼁The Walking DeadOnde histórias criam vida. Descubra agora