(Vol. VI) Ano IV p.e. ⎥ Parceiros.

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 Aquela foto havia voltado para as minhas mãos mais uma vez enquanto eu estava sentada na parte traseira de um utilitário azul com suas portas abertas

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Aquela foto havia voltado para as minhas mãos mais uma vez enquanto eu estava sentada na parte traseira de um utilitário azul com suas portas abertas. A fotografia estava completamente ensopada e levemente derretida pelas minhas roupas molhadas, me mostrando que ela não duraria muito em minha posse.

Graças à Deus a chuva havia passado, mas o céu continuava branco e triste, como se estivesse decepcionado por todas as coisas que havia presenciado. E agora nós precisávamos acumular o nosso saque dentro dos vários carros que encontramos no pátio traseiro do prédio gramado.

Ainda não havíamos saído do prédio com as duas antenas – o forte dos Salvadores que eliminamos – e eu havia tirado alguns segundos para descansar após toda a organização daquelas armas e munições entre todos os veículos que conseguimos. E enquanto todos se movimentavam em suas missões de alguma maneira, eu simplesmente continuava encarando o meu rosto infantil na bendita fotografia deteriorada.

O meu corpo cansado e dolorido parecia querer desligar aos poucos. Já fazia muito tempo em que nós havíamos passado por privações, ou aprovações tão angustiantes quanto essas, mas saber sobre o possível destino do meu pai foi praticamente a gota d'água pra mim.

Verificar todos os corpos que consegui dentro daquele prédio e notar que nenhum deles era conhecido acabou se tornando uma tortura ainda mais perturbadora. A ideia de que, talvez, ele estivesse com Paula, ou houvesse sido preso naquela sala de abate em chamas por Maggie e Carol, latejava a minha cabeça como um monstro horrível.

Eu era o monstro horrível?

Só permitia que as lágrimas tímidas caíssem por meu rosto quando ninguém estava olhando. Silenciosas e muito sérias enquanto caíam de forma pesada em direção ao meu colo aonde as minhas mãos segurando a foto se apoiavam. A dor era evidente, mas era individual. Ninguém ali parecia disposto a sofrer por um daqueles homens de Negan.

Porém, tive que esfregar as minhas bochechas rapidamente usando as costas da minha mão e guardar aquela foto de volta no bolso assim que notei o xerife se aproximando com os seus passos lentos.

Ele me observou com cautela enquanto também observava o ambiente em volta. Ficando exatamente há poucos passos de distância de mim com suas mãos apoiadas na fivela do seu cinto quando eu desci da parte traseira da van com um pulinho e passei a organizar as caixas com as munições novamente, conforme eu estava fazendo antes, afim de disfarçar.

— Está tudo bem? — Ele perguntou usando um timbre baixo e bastante delicado. Era óbvio que o policial de Atlanta sabia como lidar com situações de luto desde sempre, mesmo parecendo estarmos de luto a vida toda.

— Não precisa se preocupar. — Funguei com o meu nariz entupido pelo choro recente e escondido. E acabei forçando um breve sorriso muito falso quando tentei parecer mais forte do que estava me sentindo. — Essa não é a primeira vez que eu choro pela morte dele. Na verdade, já tenho um currículo pra isso. — Tentei brincar ao dividir o meu olhar molhado entre a caixa de munição e o seu rosto melancólico.

STING [𝐋𝐈𝐕𝐑𝐎 𝐈𝐈] daryl dixon⼁The Walking DeadOnde histórias criam vida. Descubra agora