STING [𝐋𝐈𝐕𝐑𝐎 𝐈𝐈] daryl dixon⼁The Walking Dead

(Vol. IV) Ano III p.e. ⎥ Bem-vindo ao Terminus.

Estava frio. Eu sabia disso. O vento congelante da manhã estava tocando minhas bochechas, apesar do sol ainda estar aparecendo timidamente por entre as árvores.

Ainda assim, o meu corpo parecia perdido em um calor estranho. Estava exausta e minhas roupas pareciam cheias de insetos, pinicando minha pele incessantemente, me fazendo ter comichões que causavam arrepios e mesmo assim não podia me mover o suficiente para me coçar. Era como ter as roupas cheias de areia da praia e não poder se livrar.

Aquela sensação horrível começou a perturbar todo o meu juízo deteriorando. A aflição misturada a agonia da dor no corte aberto. O frescor da carne viva ainda latejando, interligada ao nó apertado que rodeava o meu corpo e impedia o sangue de ser expulso. Tudo aquilo começou a se tornar incrivelmente torturante.

Meus pés tropeçaram brevemente, me fazendo parar e cambalear um pouco com uma fraqueza sonolenta. Minhas mãos tatearam algum lugar para segurar, mas não havia nada à nossa volta perto o suficiente. Apenas a mata ao nosso redor e o trilho do trem a nossa frente.

Me sentei instintivamente sobre os ferros do trilho como se mostrasse que não poderia continuar de pé. Daryl foi o primeiro a perceber, pois ele não estava muito distante de mim, apesar de não estar ao meu lado. E o caçador logo freou os seus passos, virou-se levemente para trás e me observou desolada no chão.

— Cansada? — Ele perguntou voltando para perto de mim de novo, se abaixando sobre os calcanhares e segurando os meus braços como se soubesse que eu desmaiaria a qualquer momento.

A essa altura os outros três presentes naquela caravana diminuta já haviam percebido o movimento que ocorria e se voltaram para trás assim como o Dixon.

— Não consigo respirar. — Reclamei puxando o ar muito rapidamente, mesmo tentando regularizar a minha respiração. E foi quase desesperador perceber o tom falho e baixo da minha voz chorosa.

— Talvez as bandagens estejam apertadas demais. — Rick alertou preocupado com os olhos estreitos ao se aproximar com uma de suas mãos sobre o coldre da arma em seu quadril.

— Precisa estar. Ela precisa de pontos. Se não apertar, não vai estancar. — Michonne comentou ao se aproximar, segurando a alça transversal de uma bolsa que carregava.

Daryl se curvou em direção ao meu peito com seu cenho franzido em dúvida e curiosidade. Levando uma de suas mãos delicadamente até aquelas faixas improvisadas e as puxando levemente com a ponta dos dedos, tão delicadamente quanto um toque suave, mas ainda assim foi o suficiente para me fazer apertar os lábios e gemer de dor com agonia.

Aquilo parecia um inferno preso dentro dos meus pulmões.

— Como está? — Eu perguntei com voz falha e tom doloroso.

— Está melhorando. — O caçador respondeu afastando-se das bandagens, mas soltando um suspiro tão pesado à ponto de me fazer perceber claramente a mentira dentro dos olhos azuis.