(Vol. IV) Ano III p.e. ⎥ Cinzas.

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As paredes tão cinzas daquela cela não pareciam mais depressivas depois de organizar algumas coisas mais vívidas naquele lugar

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As paredes tão cinzas daquela cela não pareciam mais depressivas depois de organizar algumas coisas mais vívidas naquele lugar. A cama de acampamento era mais confortável, assim como o colchão sobre ela.

Eu havia me livrado daquele sanitário na esperança de ter mais espaço, já que o mesmo não funcionava mais, e ainda coloquei algumas mesas e prateleiras para guardar minhas coisas com a ajuda solícita de Patrick.

Aos poucos tudo começava a parecer com um quarto comum, mesmo ainda sendo muito simples e precário. Eu precisava de algo que me fizesse sentir em casa de novo.

A noite já tinha caído e eu permanecia deitada atravessada na cama para apoiar os meus dois pés na parede próxima a ela. A luz alaranjada de uma lâmpada incandescente ligada por fios fazia um bom serviço e eu ainda estava completamente imóvel no lugar encarando o teto enquanto ritmava a minha respiração algumas vezes. Pensando em todas as coisas que havia conversado com Rick naquela manhã.

Todos os pensamentos e sentimentos embaralhados dentro da minha mente começavam a tomar os seus devidos lugares como em arquivos. Como se eu estivesse desviando do meu caminho a minha vida toda e isso machucasse a cada passo para mais distante. Mas que agora me trazia confortavelmente de volta para o eixo principal e mais importante.

Pela primeira vez depois de anos eu tinha total certeza de muitas coisas e estava bem com tudo isso.

Uma melodia feita por pequenos sinos adoráveis enchia aquele quarto com uma sinfonia carinhosa. Fazia muito tempo que eu não dava corda naquela caixinha de música na intenção de não a estragar rápido demais, porém naquela noite estava com muitas saudades de ouvir a bela canção de ninar e por isso abri a sua tampinha ao colocar o objeto sobre a minha barriga.

Cantarolava em sussurros aquela pequena canção diversas vezes como um looping interminável. Tentando organizar meus pensamentos enquanto os meus lábios se moviam quase que por impulso.

Suspirei fundo antes de fechar aquela tampinha e interromper o som da música.

Tudo se tornou silencioso novamente, contudo, dentro da minha mente o barulho era confortável. Dentro da minha própria escuridão eu acabava me conhecendo muito bem.

Levei minhas duas mãos abertas atrás da minha cabeça para apoiá-la e mordi o meu lábio gentilmente.

Não sabia exatamente por quanto tempo ele estava parado de pé na porta daquele cômodo, do meu "quarto", mas acabei notando a sua presença encostado com o seu ombro em um dos batentes depois de algum tempo.

Percebê-lo me encarando de maneira tão séria acabou me fazendo sentar na cama rapidamente e encará-lo de volta com preocupação. Aparentemente estava tudo bem, pelo menos fisicamente, mas a expressão em seu rosto era profundamente grave, triste, prontamente dolorosa.

— Daryl? — O seu nome me parecia uma dezena de perguntas resumidas em um único som perfeito. Tão perfeito a ponto de tornar a minha voz apenas um sussurro correndo pela noite. — Aconteceu alguma coisa? — Tentei sondar se havia alguma coisa errada quando guardei a caixinha de músicas sobre o caixote ao lado da cama em um movimento rápido.

STING [𝐋𝐈𝐕𝐑𝐎 𝐈𝐈] daryl dixon⼁The Walking DeadOnde histórias criam vida. Descubra agora