(Vol. IV) Ano III p.e. ⎥ Conforto.

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O cheiro de comida salgada tomava todo o ar dos meus pulmões de maneira confortável

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O cheiro de comida salgada tomava todo o ar dos meus pulmões de maneira confortável.

Nunca tive os dons culinários do meu pai. Ele sabia preparar uma sopa de tomate digna de restaurantes finos e eu sempre tive dificuldades para cortá-los, imagina cozinhá-los.

Mas naquele momento eu estava orgulhosa por ter evoluído. Afinal, a sopa estava saborosa e serviria para tornar os doentes mais aquecidos e fortes. Era isso o que importava.

Quem diria que alguém como eu conseguiria evoluir nesse novo mundo que se afundava cada vez mais?

Segurar a alça da panela metálica não foi uma dificuldade, já que eu usava as luvas de couro para proteger minhas mãos do calor.

Retirei o caldo avermelhado de cima do fogo aceso e deixei que o caldeirão descansasse sobre o balcão de madeira enquanto organizava, em um balde de plástico, as tigelas e talheres que usaria.

— Hey! — Ouvi Daryl chamar enquanto se aproximava pelo outro lado do balcão.

Apesar de não estar com tanta raiva assim, ainda me sentia aborrecida e por isso não fiz nada além de levantar o meu olhar entediado em sua direção e não responder nenhuma palavra antes de voltá-los em direção a sopa de novo.

— Hershel acha que podemos ter sorte na Faculdade veterinária de West Peachtree. Deve ter medicamentos lá que podem ajudar os que estão doentes. — Comentou como se eu tivesse perguntado e eu continuei o meu trabalho em silêncio.

Fingia que não podia perceber, mas eu notava a forma como ele encarava das minhas mãos trabalhando até o meu rosto como se estivesse testando o terreno. Era impossível não me lembrar de quando ele usou uma estaca de madeira para desarmar as armadilhas de urso. No fundo, a sensação era quase a mesma.

Suspirei profundamente ainda fingindo que não notava a expressão séria e preocupada em seu rosto. Mas não apenas isso, ali também tinha receio. Talvez pela preocupação eminente, talvez pela minha frieza, não importava. O jeito que ele apertava a alça da balestra atravessada em seu peito era tenso e eu estava disposta a manter as coisas difíceis.

— Oitenta quilômetros. — Calculei com a voz baixa e indiferente ainda sem encará-lo diretamente. — Tem certeza que é seguro? — Perguntei pegando uma colher de madeira para mexer a sopa e fingindo despreocupação.

— Vai ser. Precisamos do que eles têm lá. — Assentiu levemente com o seu jeito despojado e apertou os seus lábios de maneira receosa antes de continuar. — Quer vir? — Convidou de um jeito sorrateiro.

Soltei todo o ar dos meus pulmões pelo nariz e rolei os meus olhos assim que apoiei as duas mãos sobre a mesa de madeira que me deixava de frente para ele, o encarando como um enfrentamento.

Daryl poderia saber muito sobre mim e poderia ter total controle sobre isso, ou não, mas nada me impediria de lutar bravamente por minha dignidade sempre que eu pudesse.

STING [𝐋𝐈𝐕𝐑𝐎 𝐈𝐈] daryl dixon⼁The Walking DeadOnde histórias criam vida. Descubra agora