Capítulo 8

345 43 1
                                    

• Maiara •

Em mais uma noite no maldito bar, enquanto caminhoneiros comem, bebem e conversam entre si, volta e meia encarando-me, eu espero pela derradeira vez que o bendito neto da raposa entre em contato.

Tadeu parece me sondar, esperando alguma inclinação para o seu negócio e minha vontade é pegar a bandeja e fazê-lo engolir. Ele percebe que estou encarando seus bêbados com impaciência e a interpreta totalmente errado.

Tadeu: Nem se atreva a captar os clientes daqui e ganhar sozinha! — diz se aproximando e chamando a minha atenção. Tento me afastar, apenas ignorando-o, mas ele me acua no balcão e aperta o meu braço.

Maiara: Me solta!

Tadeu: Acha que eu não conheço gente da sua laia? Se for abrir as pernas para alguém, eu vou ganhar também, ouviu?

Maiara: Eu não faço programas! Qual o seu problema?

Fernando: Algum problema aqui, Maiara?

Não acredito.

A voz, aquela voz. Sinto meu braço arrepiar e noto o olhar de Tadeu dançando entre a pessoa do balcão e meu pulso preso à sua mão.

Tadeu: Agora entendi por que não aceita a minha oferta. — Ele sugere. — Abriu as pernas para peixe grande, não é?

Fernando: Solte-a! — A voz é gutural e comanda. Sem vontade, meu chefe o faz.

Tadeu: Ela está em horário de serviço. Sugiro deixar para mais tarde, senhor Zorzanello.

Ótimo, Tadeu reconheceu Fernando Zorzanello. Mas como não o faria, se algumas das revistas de carros esportivos espalhadas no local tem a cara do homem estampada nelas?!

Fernando: Está tudo bem? — pergunta enquanto continuo de costas. Viro de repente, sendo impactada com a imagem do homem com a camisa social de punhos dobrados até os cotovelos, cabelos arrumados por um cirurgião, de tão perfeitos, e aquela maldita e inesquecível boca selada em uma linha fina de indignação.

Ele está com raiva?

Maiara: Eu? Sim! O que...— solto um pigarro, tentando ser coerente. — O que faz aqui?

Fernando: Preciso de sua resposta. — Exige, simplesmente.

Maiara: E descobriu onde trabalho?

Fernando: Não posso ignorar informações importantes sobre quem eu trabalho.

Maiara: Uau! Você está convencido mesmo.

Fernando: Ele a está incomodando? — ele volta a encarar Tadeu, ignorando meu comentário.

Maiara: Ele é meu chefe. — Afirmo, como se isso justificasse ele me oferecer a prostituição. — Olha, eu tenho trabalho.

Fernando: Está sendo teimosa. Se vai dizer sim, apenas peça as contas e vamos.

Maiara: Não costumo fugir assim. Ele é um cretino, mas é quem paga o meu salário. Gosto de resolver as coisas, Fernando Zorzanello.

Fernando: E eu não gosto de perder tempo. — Arqueio a minha sobrancelha, quando percebo eu até meu sobrenome ele conhece.  — Ok. Sai que horas? — Comenta com impaciência.

Maiara: Às 3h da manhã.

Fernando: Ok. Vou esperar. Não esqueça de pedir as contas ao final.

Maiara: Vai esperar quatro horas?

Fernando: Gosto de desafios, Maiara Carla Pereira.

Ele diz e se retira para uma mesa no canto do bar, junto com um outro cara engravatado e mais velho que não reconheço. Acho que ele não entendeu que ficarei praticamente toda a madrugada aqui.

Um Contrato de NoivadoOnde histórias criam vida. Descubra agora