• Fernando •
Ciúmes. Eu simplesmente morri de ciúmes ao ver aquele médico tão perto da minha florista. Irracional, por óbvio, mas ele sequer esconde a admiração por ela. Em uma realidade na qual eu tivesse menos sorte, Maiara o teria conhecido primeiro e eu jamais teria chance.
O cara é médico, cuida da avó dela, não mentiu e não tem um histórico de escândalos maior do que uma lista de compras. Não tem o meu avô tentando agir como uma dose de veneno letal.
Desde que meu avô saiu do escritório, a minha ideia era contar que eu impedi o empréstimo que ela obteria, como forma de trazê-la ao meu lado e implorar perdão. Mas, tenho medo de fazê-la perceber que minhas imperfeições sobrepassam o que ela acredita ser perfeito.
A tenho visto florescer na sua vida profissional, nos seus sonhos e minha vontade é entregar-lhe todos os degraus que precise. Minha vontade é sempre ser o que ela precisa e negar o que me consome. Minha família é tão torta, que minha mente sopra a todo instante que tudo pode ruir, bastando uma nuvem cobrir o céu.
O sentimento de perda é voraz e consome corroendo a carne de dentro para fora. Mesmo ela parece reconhecê-lo em mim, pois não é novidade tudo o que Bernardo já conseguiu tirar, dentre eles o meu pai. As pessoas sempre se vão, mas, dessa vez, eu não saberia existir aceitando isso.
Encaro o anel brincando em minha mão, digladiando para saber a medida certa de tempo. Os motivos certos. Estamos juntos a tão pouco tempo, porém insuficiente para a minha certeza. Comprometi-me há muito tempo a não ceder a ninguém e, com isso, não perder mais ninguém. Mas, com ela, eu quero esse risco.
Encaro meu celular tocando e me surpreendo. Suspiro e olho a sala na penumbra, apenas a luz indireta próxima a minha mesa iluminando meu ponto de trabalho, mantendo-me focado e penso que ninguém saberia se eu apenas a ignorasse. Meses.
Fernando: Mãe? — Rendido, atendo a minha mãe.
Filomena: Fernando Zorzanello, que história é essa que vai se casar de verdade? A última coisa que soube é que você contratou a moça!
Fernando: Vó Stella já abriu a boca. — Resmungo, pois ela me ajudou a escolher o anel.
Filomena: Mas não vou deixar isso acontecer, nem pensar! Aquele velho maldito não vai levar você de jeito nenhum!
Fernando: Mãe, eu preciso...
Filomena: Te vejo logo, pois não vou deixar esse absurdo!
Fernando: Mãe não é isso...
Filomena: Você vai se casar com a menina que contratou. Fernando Zorzanello, não vou deixar você destruir a vida da coitada apenas porque deu vontade naquela raposa velha infernal!
Fernando: Posso falar?
Filomena: Se vai defender essa conduta horrenda, não gaste saliva. A culpa é minha, eu devia ter ficado. Eu não podia...
Fernando: Eu a amo! — Solto em um só fôlego. Não me lembro da minha mãe falar tanto e muito menos manifestar raiva.
Filomena: Você o quê? Isso é pior... chego na próxima semana, Fernando.
Ela desliga sem sequer me permitir uma despedida. Suspiro, decidido a voltar ao trabalho, ignorando nossa breve e escassa interação, como fiz a vida inteira. Após guardar o anel no devido lugar, pego uma dose de whisky, antes de seguir o meu trabalho noturno. A textura seca, misturado ao sabor adocicado parecem me despertar do cansaço que a salvação do projeto tem me custado.
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Um Contrato de Noivado
FanficIntrigas de família. O que você faria por dinheiro? Ela precisa de dinheiro para quitar suas dívidas. Ele precisa fechar um contrato bilionário com a nata do automobilismo e, para isso, requer uma noiva. Ela tem sonhos. Ele cumpre objetivos. E...