Capítulo 42

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• Maiara •

O que eu mais senti nessa noite foi raiva, crua e simples de Luiz que me comparou a uma puta apenas por sair com Fernando, de Fernando por me ocultar algo tão importante e de mim, por me deixar afetar tanto.

Percebo o espaço que recebo dele, para tomar uma decisão consciente e não motivada pela raiva. Funciona, pois reconheço que ele não tinha como dimensionar o tamanho do estrago que aquele cretino me fez. Ele não tinha como saber a zona que ele deixou para trás. Mas ele pode me ajudar a remediar.

Ele sabe que eu imploro como um bálsamo necessário. E a verdade é que ele é. Não tenho forças ou coragem de enfrentar Luiz, mas Fernando teve. Não tenho forças para sozinha, encarar todo o mal que ele me fez e deixar tudo no esquecimento.

Mas Fernando parece dar tudo de si para que eu esqueça e, por alguns segundos, desejo que esse noivado seja de verdade. Seria ele e eu somente, sem qualquer uma dessas merdas que acontecem ao redor de nós dois. Iludida? Sempre sou e por isso morro de medo.

Acreditei, por alguns segundos, que ele concluiria que a minha relação com Almeida estragaria seu negócio. Mas ele me surpreendeu. Sequer mencionou os efeitos que isso pode ter com a imprensa e com Giordano. Ele sempre diz que faz o que tem que fazer, mas não é o que eu vejo. Se ele fizesse tudo pelos negócios, me substituiria. Facilmente encontraria alguma doida interessada em ser sua noiva de mentira.

Contudo, ele me ofereceu novas memórias.

Quando ele me prensou contra a parede, seu olhar me devorou. À meia luz, eu vi que ele estava inteiro comigo, colocando a um nível irrelevante o fato de termos um contrato, nossas diferenças sociais e até mesmo a temporariedade de tudo isso.

Quando pairou sobre mim, senti como me marcava. Senti a posse que o dominava e o prazer que tive ao ser desejada de uma forma até então desconhecida. Quando gozei, tive certeza de que foi praticamente a primeira vez. Eu lembraria, certo? Eu lembraria de ter essa sensação de quase morte, se já tivesse sentido?

Ou apenas seja porque é ele. Fernando Zorzanello, a versão de Janus que aprendi a admirar, tratando-me como a própria Afrodite, bebendo de mim e sentindo prazer com o meu próprio sabor. Minha mente parece ter sofrido um blackout, mas sua recuperação foi rápida e pedia por mais. Eu queria mais daquilo. Eu queria mais de Fernando Zorzanello.

Mal consigo ter consciência da minha respiração. Busco o ar, pois encher meus pulmões de oxigênio parece impossível, quando cada parte do meu corpo está sensível. É uma sensação de desespero boa. Eu nem sabia que isso era possível de existir até sentir.

Eu senti a invasão dos dedos de Fernando dentro de mim e o receio durou um segundo antes que eu me desmanchasse e implorasse por mais. Céus, uma noite seria o bastante?

Por um segundo, a voz de Luiz chamando-me puta de luxo volta e ecoa em minha mente. Mas o sentimento de que me entrego em um contrato se desfaz diante do meu corpo traidor que morreu e renasceu nas mãos de Fernando Zorzanello.

Nas mãos da raposa predadora que se impregnou no meu desejo adormecido, despertando-o e tornando-o exigente. Meu desejo é exigente e me leva pelos caminhos perversos da luxúria.

Luiz está errado. Fernando acaba de provar que ele está errado.

Maiara: Me fode. — Digo, quando ele me encara, esperando que meu corpo se recupere. Eu não quero me recuperar.

Seu sorriso torto e aquela cara perfeita me olham e me devoram, como vi há alguns minutos. Ele me surpreende, quando ataca meus lábios mais uma vez e, em um movimento, tira a sua boxer. Sinto o membro duro e quente resvalando a pele do meu ventre, enquanto ele segue me moldando ao seu bel prazer.

Um Contrato de NoivadoOnde histórias criam vida. Descubra agora