Capítulo 86

378 52 13
                                    

• Fernando •

Cada célula do meu corpo parecia necessitar ser convencida de que Maiara não desapareceu. Que vou encontrá-la fazendo arranjos na floricultura, quem sabe com uma barriguinha protuberante, chamando nossa bebê de florzinha. Ou seria uma raposinha? Não sei, mas descobriria ouvindo dela.

Fernando: Sabe o endereço de onde elas estão? — Questiono a Marquinhos em uma ligação enquanto estou no tráfego.

Marquinhos: Não, pois seria obrigado a contar.

Fernando: Marquinhos, não entendo por que não me contou. Eu... — irascível. Silencio, buscando alguma cordura, pois minha vontade é encontrá-lo e jogá-lo contra o capô do carro por ter me ocultado algo tão... — por que prometeria isso?

Marquinhos: Eu prometi. — O homem está sucinto, praticamente me mandando à merda.

Fernando: Você sempre esteve disponível para as Pereira e entendo que se aproximou...

Marquinhos: Como eu disse, prometi. — Ele inacreditavelmente desliga na minha cara.

Fernando: Inferno! — Soco o volante.

Chego à floricultura, somente agora percebendo tapumes na fachada. A chuva outonal corre forte, mas saio do veículo sem me importar em ficar encharcado e noto um cartaz colado no tapume. Por que tem o telefone de uma imobiliária aqui?

XX: Com licença, senhor. Ainda não inauguramos. — Uma moça de cabelos curtos pede passagem, querendo abrir a porta.

Fernando: Maiara vai reinaugurar a floricultura?

XX: Oh, não. Vamos abrir uma panificadora após a reforma.

Fernando: Pão? E as flores? — Pergunto como se fizesse sentido.

XX; O senhor pode encontrar outra floricultura há alguns quilômetros. Essa aqui fechou e...

Fernando: Maiara sabe fazer pão?

XX: Senhor, acho que não entendeu... a antiga proprietária vendeu a loja. — Ela encara o cartaz. — Isso deve ter confundido você. Eu pedi ao funcionário que tirasse isso.

Fernando: Vendeu?

XX: O senhor está bem? — Questiona inclinando a cabeça, como se me avaliasse. — Está repetindo as coisas... enfim, Maiara vendeu a loja para o meu pai e agora faremos pão. Sem flores, entendeu? — Sinto-me um idiota e a moça parece constatar o mesmo.

Fernando: Sabe se ela reabriu em outro lugar?

XX: Nós sequer a conhecemos.

Fernando: Então como compraram? Invadiram?

XX: Uowwww... espera! Estou reconhecendo você! Ai meu Deus, ai meu Deus!

Fernando: O que? — Começo a me preocupar.

XX: Você é o Fernando Zorzanello dos carros, é claro! Não me diga que essa loja era da sua Maiara?

Fernando: É da minha...

XX: Vocês terminaram? Não acredito! — A mulher começa a comentar como se minha vida fosse uma novela. — Bem que estavam sumidos da mídia...

Fernando: Não terminam... — cesso quando me lembro que não posso dizer que a bendita florista é minha, pois se fosse eu saberia em que buraco ela se meteu. — Como compraram sem ela?

Um Contrato de NoivadoOnde histórias criam vida. Descubra agora