Capítulo 107

446 50 38
                                    

• Maiara •

Tento ficar em silêncio quando Bernardo percebe minha presença antes que eu me esconda. Estou em pânico, mas Stella me encara com uma suave resignação que eu jamais havia presenciado em ninguém. Estar sob a mira de uma arma deveria ser aterrorizante, não é?

O homem vestido como senhor do mundo, cabelos aparados e porte robusto apesar da idade verte ódio. A velha raposa sequer consegue carregar seus próprios demônios nas costas. Tornou-se resquício e o pouco que sobrou parece lamentar a lápide que foi colocada sobre os seus dias de glória.

Mas minha avaliação e sanidade duram pouco, quando atrás dele vejo o cabelo loiro despenteado e o olhar vidrado que me fazem perder a voz. Luiz.

Luiz: Que bom ver você, querida! — Luiz exclama, focado em nós duas, arma em punho dançando apontada de um lado para o outro. Ergo uma das minhas mãos e a outra coloco sobre o ventre, protegendo-o de forma inconsciente.

Maiara: Eu estou aqui. — Digo, avisando-o dos meus próximos passos. Tenho medo que se sinta surpreendido e dispare sem querer. — Vou caminhar até o lado de Stella, tudo bem?

Luiz: Anda! — Exige. — Ele já teve tudo e não levará minha mulher também! — Sei que se refere a Fernando, mas não compreendo o seu rancor.

Bernardo: Desgraçada! Você a trouxe para nossa vida! Você começou toda essa desgraça. — Bernardo vocifera contra Stella.

Stella: Eu não impus nada. Você que não sabe o que é estar voluntariamente ao lado de alguém. Ela não pode ser culpada pelos erros que são exclusivamente nossos! — Stella prossegue o assunto para distraí-lo.

Bernardo: Seus!

Stella: Eu não joguei a porcaria daquele carro na ponte! Meu filho desistiu de si mesmo por você! Melhor ser morto do que insuficiente, não é o que dizia? Suficiente era apenas a droga da empresa!

Bernardo: Quer realmente falar daquele merdinha?

Stella: Sérgio nunca foi um moleque. Ele sempre foi melhor do que você e não aguentou a pressão de tentar se igualar à sua podridão! Ele errou, Bernardo. Ele errou demais, e Deus sabe os pecados que ele carregou tentando ser igual a você. Eu disse uma vez e repito quantas você quiser até entender ou disparar essa estúpida arma: eu venci dessa vez!

Luiz: Cala a boca!!! — Luiz se manifesta e dispara rompendo um vaso. — Eu não vou te matar agora, pois precisamos que você desfaça a estupidez de liquidar as ações. — Ele esfrega a mão no rosto. — Preciso desse dinheiro, ouviu? Maiara e eu vamos para longe de vocês, seus doentes! Apenas ela e eu. — A arma segue na minha direção, na altura do ventre.

Bernardo: Não seja burro! Se matá-la, não passa da fronteira do Estado. — Bernardo afirma fazendo-o pensar.

Stella: Bernardo, pelo amor de Deus! Como pode ameaçar seu próprio bisneto!

Bernardo: Você me levou a isso! Eu nunca te deixei faltar nada, Stella! Você se dá ao luxo de doar milhões, mas não fez nada para ter essa fortuna!

Stella: Era o meu dinheiro! Meu! Você teve talento, Bernardo, mas se apropriou do dinheiro da minha família!

Bernardo: E hoje o nome Zorzanello é o que é! Não seja ingrata, velha estúpida!

Stella: É avareza e destruição! Tem uma arma apontando para o seu neto e você sequer pisca!

Bernardo: Você nunca esteve satisfeita, não é?

Um Contrato de NoivadoOnde histórias criam vida. Descubra agora