• Maiara •
Ligo para Biah logo cedo para dividir a fofoca, pois sei que irá xingar tanto o Luiz que ficarei animada. Ligar para ela significa ligar para Sorocaba, mas ela sempre consegue furtar o celular do pobre homem.
Biah: Espera. — Diz sussurrando do outro lado da linha. — Você está dizendo que não rolou nem uma faísca com o belga?
Maiara: Biah, você ouviu o que eu te contei?
Biah: Sim, você conheceu a dona Jiló, a prova viva de que chocolates e jilós não coexistem, já que você é a noiva. Nada mesmo?
Maiara: É sério? — Reclamo ao mesmo tempo que rio.
Biah: Olha, eu sei que foi chocante. E triste. O racional comandou alguém alguma vez na beira de uma traição? Acha que não me lembro como você ficou meses atrás? Amiga, parecia que um vendaval passou e deixou só a casca. Mas olha você aí, inteira! Ela é uma lembrança amarga que passa se você come a porra do chocolate!
Maiara: Deixa eu ver se entendi o seu conselho. Quanto piores forem as lembranças...
Biah: Mais você se lambuza. Exato! Não estou dizendo que não vai doer e muito menos minimizando a sua dor, você sabe disso. Só você sabe o quanto doeu e o quanto dói, principalmente, considerando as consequências das ações dele. Mas só você pode se reerguer e ser melhor que Luiz. Sabe como eu sei disso?
Maiara: Porque esse conselho é meu.
Biah: Exato. Você me deu esse exato conselho e foram essas palavras que eu decidi atender meu último cliente. Você disse isso, enquanto eu chorava até vomitar, pois tudo doía e eu tinha nojo de mim. Mas eu não sou responsável pelo que me aconteceu, apenas lidei com as circunstâncias. Lide com as suas, pois não te define.
Maiara: Você é incrível.
Biah: Eu sou. — Ela ri. — Não se esqueça do conselho da sua mãe. Quando doer, chore tudo o que puder e siga adiante. Ninguém te impede de viver seus traumas e lamber suas feridas. Mas sempre continue a caminhada. E a sua te leva para as Maldivas!
Maiara: Ok, prometo levar tudo com o máximo de leveza possível.
Biah: Tenta, mas sei que sua veia dramática impede. Qualquer coisa me liga. Agora preciso desligar, pois Sorocaba está de cara feia querendo o celular dele.
***
Tento sair de fininho, pois minha tia certamente quer cortar a minha cabeça por ter dormido fora, na casa de Fernando e na véspera da viagem, mas qual não é a minha surpresa quando vejo Raquel no elevador, chegando durante a minha fuga.
Maiara: Só pode ser brincadeira!
Raquel: Bom dia, Maiara. Desculpa, não sabia que estaria aqui.
Maiara: Raquel, querida, eu meio que moro aqui. Até onde eu verifiquei você não. — Acabo sendo grosseira, pois esse povo desconhece limites.
Raquel: Vim entregar esses documentos para Fernando. Meu Pai...
Maiara: Você é office boy do seu pai?
Fernando: Bom dia... — Fernando perde a fala quando encara a cena. Ele está de terno e acho incrível a coragem de trabalhar às vésperas de uma viagem. — Raquel?
Maiara: Fernando, meu amor, você alugou um quarto aqui? — Desde quando eu sou cínica assim? Ele me encara interrogativo. — Bem, aparentemente ele não se lembra, então porque você está aqui às seis da manhã, Raquel, se não vive aqui e nem é boy do seu pai?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um Contrato de Noivado
Fiksi PenggemarIntrigas de família. O que você faria por dinheiro? Ela precisa de dinheiro para quitar suas dívidas. Ele precisa fechar um contrato bilionário com a nata do automobilismo e, para isso, requer uma noiva. Ela tem sonhos. Ele cumpre objetivos. E...