Capítulo 9

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• Fernando •

Encaro a velha senhora de olhos perspicazes e sorriso amável, cuja doçura esconde planos maquiavélicos, os quais eu definitivamente não conheço.

Fernando: Florista! Vó, onde você estava com a cabeça?

Stella: Não seja dramático, Fernando. Já que seu avô o encurralou, decidi ajudar. Acha que eu não sei que qualquer outra tentaria te fisgar? Não posso deixar outra geração Zorzanello se casar como se fosse um negócio comercial.

Fernando: Primeiro, eu não vou me casar. Relação comercial ou não, sabe que não é o que eu desejo. E como sabe que essa mulher não fará o mesmo?

Stella: Índole! Sei que conhece pouco sobre isso, mas não só existe como ela tem. A menina é boa, tem bom coração e não fará nada que não queira, nem que você não esteja disposto.

Fernando: Como assim?

Stella: Elas precisam do dinheiro e não aceitam caridade excessiva. A garota tem dois empregos, a tia está doente e essa oferta é um presente para elas. Terá que ser convencida, é claro. Mas é a forma que encontrei de ajudá-las e salvar você dos Giordano.

Fernando: Isso ainda não prova que ela não tentará se aproveitar da situação.

Stella: Maiara não é desse tipo de gente.

Fernando: Qualquer um é esse tipo de gente. Basta ter o dinheiro fácil.

Stella: Eu sei que os exemplos que cercam a sua vida não são os melhores, mas ... — Ela bufa. Sabe que não precisa tentar, pois se até a minha família constrói laços com base no interesse, sob qual outra lente eu poderia ver o resto? — Olha, Fer, ela não é esnobe, é gentil e apenas se relaciona por amor.

Fernando: Amor? — Digo incrédulo. — É bom você não estar iludindo a mulher.

Stella: Pobre garoto. — Ela resmunga. — Erramos feio com você. Nossa família não teve muito disso entre os casais, mas muitos se relacionam por amor. Quem sabe ela não te ensina um pouco sobre isso, não é? Sua vida anda muito preto e branco. E cinza, de tanta fumaça!

Fernando: Dona Stella, seja lá o que pensou, esqueça. A florista e eu somos de mundos e naturezas diferentes. Materiais diferentes e a única coisa que estou buscando é um contrato. — Reclamo erguendo as mãos em sinal de que ela pare. — Eu sabia! Você está tentando ser um cupido. Esqueça! — Digo de mau humor e sendo até um pouco grosseiro, mas ela sabe que a última coisa que eu permito é que se metam na minha vida.

Stella: Não sei o motivo de estar preocupado. Como você mesmo disse, ela será apenas a sua contratada. Você que está pensando demais nisso.

Ela diz, sonsa, como se jamais tivesse planejado isso. Não é a primeira vez que Vó Stella tenta arranjar uma esposa para mim. Ela sempre buscou compatibilidade, me apresentou netas de suas amigas, me obrigou a levá-la a coquetéis e sei lá mais quantos eventos.

Parece que ela mudou de estratégia e resolveu pegar uma doida explosiva de vestido colorido. Ela sai emburrada, como se eu tivesse tirado esse plano da minha cabeça e passo o dia tentando trabalhar, enquanto Sorocaba tenta levantar a ficha da moça. Preciso saber com quem estou lidando.

Sorocaba: Dinheiro! — Sorocaba invade minha sala, acelerado como se vivesse ligado na tomada.

Fernando: Explique.

Sorocaba: Maiara Carla Pereira precisa de dinheiro! Tentou um empréstimo no Banco.

Fernando: Minha avó me contou, mas ainda assim a florista prefere os juros do banco. Preciso convencê-la, pois já a apresentei a Giordano e não posso simplesmente trocar de noiva. Ela não pode conseguir esse empréstimo. — Determino. — Sabe o nome do gerente?

Um Contrato de NoivadoOnde histórias criam vida. Descubra agora