Capítulo 94

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• Maiara •

Meus olhos encontram minhas mãos e me concentro nelas, como se me segurasse. Parece o homem dos meus sonhos, dando adeus sob a árvore de flores amarelas, ao mesmo tempo que é o meu pesadelo.

Saia!

Ele dá alguns passos, se aproximando, mas não o bastante. Uma distância segura para nós dois.

Fernando: Eu sei que São Paulo é o último lugar que deseja ir. Ele segue procurando você e já está na pista de Goiânia. Não podemos acionar a polícia. — Ele segue resolvendo a minha vida, como se tivesse passado o inferno nas mãos de Luiz querendo se livrar do parasita. Mas, não passou. Deus, o que ele faz aqui?!

Maiara: Provavelmente diriam que eu o chamei, não é? — Digo ressentida e noto seu olhar culpado. Deus, como eu queria jogar um vaso de flores na cabeça dele.

As palavras de Lucas voam em mim, lembrando-me das coisas que dizemos na raiva e sem vontade apenas para termos razão. Eu não quero atingi-lo da mesma forma que ele fez. Esquecer-me de quem eu sou e ferindo-o.

Maiara: Olha... eu não quero e não posso ser essa pessoa amarga.

Fernando: Está no seu direito...

Maiara: Sim, estou! Se eu quisesse chutar você daqui, faria. Mas eu não quero ser essa pessoa. — Mal consigo encará-lo. Quanto de mim eu perderia se o fizesse? Minhas mãos nunca foram tão interessantes, mas ele parece saber atraí-los.

Fernando: Luiz está vindo para cá.

Maiara: Isso significa que ele ainda me procura. Se eu voltar para São Paulo ele facilmente me achará. Aliás, quem teve essa brilhante ideia? — Reclamo em meio a divagações e, não sei o porquê, mas ele parece apreciar enquanto faço meu diálogo sem fim.

Fernando: Biah, sua tia e Lucas. — Responde sucinto, como se temesse que a qualquer instante eu o expulsasse dali. — As investigações mostram que ele já sabe que Lucas te ajudou. Ele irá despistar indo para o leste do país, enquanto você iria para o lugar menos óbvio.

Maiara: São Paulo é menos óbvio? — O que essa gente bebeu?

Fernando: Bem, todo mundo sabe que você me odeia... você não diz o meu nome. — Constata.

Nem eu mesma tinha percebido isso até agora e isso me obriga a encará-lo pela segunda vez hoje, a primeira quando eu não estava pronta assim que entrou neste quarto. Chamá-lo parece tornar tudo... não sei.

Fernando: Maiara, ele não procuraria você perto de mim, justamente porque isso está claro para todos.

Maiara: Se Lucas for para o leste, basta eu ir para outro lugar e...

Fernando: Nem em sonhos você irá sozinha! — Ele diz em voz alta, deixando-a firme pela primeira vez. Minha pele arrepia e esfrego os braços.

Maiara: É a minha vida e essa decisão nunca foi sua.

Fernando: É o nosso filho. — Nossos olhares se enfrentam e ele tem razão. Se há alguma chance dele ser ainda mais protegido, meu orgulho não pode impedir isso.

Maiara: Ok. Minha tia e eu podemos ficar em um hotel em outra cidade. Aqueles seus seguranças sempre deram conta de cuidar da nossa segurança. Se faz tanta questão assim, eles podem apenas continuar o trabalho que faziam antes de você demiti-los e...

Ele ri sem humor e percebo que destaquei o fato de que Luiz chegou perto justamente porque Fernando limpou o caminho no auge da sua raiva.

Maiara: Desculpe. — Peço sinceramente. É difícil não ser uma megera, mas eu preciso acreditar que Fernando não colocaria nosso bebê em risco de forma proposital. Mesmo que me odiasse.

Um Contrato de NoivadoOnde histórias criam vida. Descubra agora