Capítulo 50

405 55 32
                                    

• Maiara •

Maiara: França?! Fernando, perdeu completamente o juízo?

Ando de um lado para o outro, completamente chocada com a simplicidade com a qual o homem fala sobre ir para a França para um bate-volta. Passei mais tempo fora do país nesse noivado de mentira, do que em São Paulo.

Mas, convenhamos, é a França, oras! O homem simplesmente decidiu que a França seria uma excelente viagem para mostrarmos ao mundo que as fofocas que sopravam nossa mentira eram fundadas.

Fernando: Não sei para que esse exagero, França é logo ali, você sabe.

Maiara: Nossas noções de distância discordam. E você irá à trabalho, eu ficarei entendida... vamos! Aprendeu algo com a Itália, não?

Fernando: Maiara, pensa bem: será um fim de semana e logo voltamos. Giordano ficará feliz ao ver-se livre de escândalos e você conhecerá a cidade luz. Todo mundo ganha.

Maiara: O dia da cirurgia de Tia Áurea está chegando e...

Fernando: Ela concordou e viajar comigo é um termo do contrato. — Ele apela e apenas não fico chateada, em razão da cara zombeteira, coroada com um "ela concordou". Vendida. — Ok. Nada de contrato. Mas me lembro bem de uma cláusula que diz que temos que ficar juntos...

Maiara: O que tem de tão importante lá?

Fernando: Você vai saber, mas quando chegar.

Não é que eu não queira ir, mas as coisas entre nós estão apressadas. Separar as coisas entre nós está sendo impossível e Fernando não parece perceber que será muito pior na cidade do romance. Não são apenas os fofoqueiros de plantão que ficarão confusos com as notícias, mas eu também. Será que para ele é tão simples assim separar as coisas?

Cada vez que ele me toca ou desnuda com seu olhar, parece retirar de mim uma camada de proteção. O que eu disse para ele era verdade: tenho medo de depender demais e quando cair, não ter quem me levante. Tenho muito medo de sentir o que eu senti no passado e mais medo ainda de perder isso no fim das contas.

Dizem que eu enchi sua vida de cor, mas ninguém nota o esforço que eu fazia para manter-me colorida. Era uma tarefa diária colocar minhas decepções no bolso e seguir sorrindo, lutando e fazendo de tudo para nossa vida, minha e de Tia Áurea, dar certo.

Fernando parece não perceber que cada vez que nos tocamos, cada vez que ele me invade e adora meu corpo com uma devoção que eu jamais vi ou senti, me torna dependente. Ele tem o domínio de exigir de mim o que quiser e eu a incapacidade de negar-lhe qualquer coisa.

Fernando: Seja honesta. — Ele pede seriamente. Ele tem sorrido com mais frequência, mas a seriedade ainda lhe parece natural.

Maiara: Não era minha intenção nos envolvermos tanto. — Sou o mais honesta possível. — Eu tenho medo de confundir as coisas e me perder por não saber aonde estamos indo. Eu sei... — respiro fundo, pois ele sequer pisca, enquanto me olha, tão despido quanto eu. — Eu sei que combinamos por algo casual, mas quem eu quero enganar?!  Eu nunca tive nada casual na vida e não sei fazer isso. Nunca fiz como você, não saia com um cara toda semana e muito menos ia para a cama. Fernando eu sequer sei ser casual. Eu sou do tipo que anda de mãos dadas, que troca presentes e que faz planos. Eu não sei andar para lugar nenhum e isso é muito difícil.

Meço minhas palavras e me situo que posso parecer estar exigindo algo dele e me odeio por isso. Não é isso que estou fazendo... céus! Honestidade dá trabalho!

Maiara: Pelo amor de Deus, não estou pedindo nada. — Tento esclarecer. — Não estou exigindo planos, ou, seja lá o que for. Apenas peço calma, pois coisas que parecem ser banais para você, me confundem, como por exemplo ir a Paris. Casais apaixonados fazem isso. Casais com planos a longo prazo fazem isso. Casais que não fazem a mínima ideia do que estão fazendo, ficam em São Paulo.

Um Contrato de NoivadoOnde histórias criam vida. Descubra agora