Capítulo 14

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• Fernando •

O café da manhã tinha um objetivo específico: apresentar Maiara ao meu avô. Mas pelo visto, ele tinha outros planos. Ciente de que Maiara é florista e talvez baseado em alguma opinião que Giordano lhe deu, ele simplesmente decidiu que seria uma boa ideia intervir.

Sim, intervir, pois é o que a presença de Raquel aqui significa. Agda é apenas um pretexto. A loira tem uma queda por mim desde... sempre. Nossos pais eram amigos, ela amiga de Agda e foi isso.  Desde então, a mulher é focada em estabelecermos uma relação apesar de eu já ter desenhado que não.

Meu avô conta com o empenho cego dela para ser uma Zorzanello a fim de destruir minha suposta relação com Maiara, seja verdadeira ou não. A veracidade não importa, pois Maiara é um empecilho, simples assim, ao objetivo claro que é Andressa.

Na cabeça dele, perdemos de toda forma. Se eu a amo, ele não nos deixaria avançar nessa relação. Se estou mentindo, ele já ganhou.

Bernardo: Raquel, bem-vinda. — Um gentil Bernardo que não existe a cumprimenta. Os olhos arregalados de Maiara quase me fazem rir.

Por alguma razão que não conheço, Raquel é conhecida na cabecinha criativa dela como samambaia.

Raquel: Tio Bernardo, desculpe o atraso, mas Agda me abandonou em casa. Vim de táxi. — Reclama. Nitidamente se arrumou com uma lente quase cirúrgica, contrastando com a minha convidada.

Raquel possui um modo de agir específico quando eu estou por perto. Segundo Agda, ela é menos cretina quando as coisas não giram ao redor do meu umbigo.

Fernando: Não sabia que esse momento se tornaria um evento. — Digo, encarando meu avô e interrompendo a sessão de desculpas.

Agda: Que momento? — Agda, perdida, pergunta.

Stella: Fernando finalmente nos apresentou sua noiva! — Minha avó exclama feliz, enquanto Bernardo traga o café que deve estar amargo, Raquel aperta os lábios forçando um sorriso e Agda tem a boca em formato de "O" que não fecha.

Agda: Fala sério! Primo! — ela me sufoca em um abraço.

Nossa diferença de idade é razoável, mas ela sempre agiu como minha irmã mais nova, apesar do meu distanciamento natural com todos, exceto Stella. Fomos mais próximos na infância, antes de tudo mudar e, logo, parece que todo meu "antes" perdeu o sentido.

Agda: O apocalipse está chegando! Você? — Ela vira para Maiara, falando tudo ao mesmo tempo. — Pobre mulher, ele te ameaçou?

Fernando: Menos, Agda. Menos.

Agda: Convenhamos, Fer, uma mulher para ter a coragem de enfrentar uma vida com você deve ter sido ameaçada. Maiara, apenas levante a mão e eu ajudo na sua fuga!

Fernando: Quanta maturidade! — Agda é leve e parece ser uma versão mais jovem da feliz minha avó Stella, apesar de não terem o mesmo sangue. Mas são as duas pessoas que mantêm o senso de família entre os Zorzanello, já que Agda se mudou para São Paulo há anos e ficou sob os cuidados da minha avó.

Raquel: Parabéns Fernando. — Raquel fala, encarando-me nos olhos, como se tentasse gritar que estou fazendo besteira. — Maiara, você tem sorte.

Maiara: Sim, você deixou isso bem claro quando nos conhecemos. — A florista não disfarça sua acidez.

Bernardo: Vocês se conhecem? — Bernardo se surpreende.

Maiara: Sim. — Maiara responde parecendo querer fugir dali — A senhorita Raquel encomendou uma orquídea na floricultura e logo nos vimos no saguão do prédio.

Um Contrato de NoivadoOnde histórias criam vida. Descubra agora