Capítulo 31

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• Maiara •

Já me embananei três vezes para colocar a maldita calça jeans, enquanto Fernando me espera solícito na sala do seu apartamento. Voltou do Rio de Janeiro e me buscou em casa como se nada tivesse acontecido, decidido a solucionar a questão de Tadeu por si mesmo e agora vamos sabe Deus onde, fazer o que contra meu ex-chefe.

Não que eu me importe com o destino do infeliz, mas achei que, depois que dei uma de louca na Itália, ele esqueceria do restante. Eu tinha certeza de que ele esqueceria e que essa é a versão do Janus que o comandava. Mas, brincando de contrastes me surpreendeu e eu cheguei a cogitar negar, mas ele ameaçou ir sozinho.

Bem, melhor ter uma barreira de dois metros entre Tadeu e eu, do que correr riscos sozinha e à toa. O nervosismo me impede de trocar de roupa coerentemente e a chuva que caiu de surpresa me obriga a usar uma calça, sob o risco de sair no melhor estilo Marilyn Monroe nas ruas de São Paulo.

Fernando: Está demorando. — A voz surge do nada, escancarando a porta e me faz pular para trás do pequeno sofá que faz parte da decoração do quarto.

Maiara: Credo! Tem que bater à porta!

Fernando: Você ia dizer "já vou" e continuaria demorando. Olha que eficiência você está tendo agora sob pressão. — Ele ri, quando pego um vaso pequeno de cacto e jogo em direção a porta.

Maiara: Bata a porta!

Fernando: Minha casa! — O mal-educado está de volta. Quantas nuances uma pessoa pode ter?

Maiara: Noiva! Isso não significa que minha bunda está disponível para você, Zorzanello. — Resmungo, me apressando além do normal.

Fernando: Finalmente! — Ele ergue as mãos para cima.

Maiara: Nunca morou com uma mulher? Demoramos.

Fernando: Você é a primeira em muitos aspectos na minha vida, Maiara.

Maiara: Lembre-me de trancar a porta quando estiver aqui.

Fernando: E me privar da visão do paraíso? —  Cínico, sua mão me guia pela cintura até o elevador, em um costume tácito entre nós.

O que deu nesse homem?

Fernando: Vamos fazer como combinamos. — Ele afirma quando já estamos a caminho do bar. — Eu falo, você apenas vai para assinar o documento.

Maiara: Ok. — Começo a estalar os dedos em nervosismo.

Fernando: Sucinta. Isso está virando hábito. — Ele comenta quase para si mesmo — Ele não pode mais atingir vocês.

Não, não sei. A verdade é que Biah e eu estaremos imunes enquanto durar o nosso contrato e enquanto Sorocaba e Fernando estiverem ao nosso lado. Depois, voltamos a andar sobre nossas próprias pernas e esse é o mal de depender de alguém.

Mas, basta a cada dia o seu mal e, talvez, quando o contrato acabar, eu tenha aprendido alguma coisa com Fernando, ao menos sobre os acordos que eu faço na vida.

Maiara: Certo. — Respondo, sem colocar na mesa as minhas dúvidas.

Fernando: Maiara, olhe para mim. — Exige e eu viro, ignorando que Marquinhos nos escuta livremente. — Mesmo quando o contrato acabar, vocês podem contar conosco nessa questão.

A versão boa de Janus não para de me deixar tombada.

Maiara: Você não terá... aliás, não tem obrigação com isso.

Um Contrato de NoivadoOnde histórias criam vida. Descubra agora