Capítulo 38

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• Maiara •

O mau humor de Fernando, que se seguiu chegava a ser engraçado, pois era disfarçado durante conversas de trabalho, as quais eu participei apenas no início, logo escapando com Stella que, até o almoço, mostrou-me seus lugares favoritos no resort e me livrou das Giordano.

Fiquei com pena, pois sequer conseguimos descansar da viagem e eu percebi o quanto ela precisava, mas ela se recusa a repetir os eventos da Itália.

Quando acreditei que, finalmente iríamos dormir e começava a invejar a energia da idosa, ela me levou em umas lojas absurdamente caras no local para comprar um vestido para a noite. Noite de dança em um restaurante típico na ilha.

A peça desenha meu corpo, ao mesmo tempo que é fluido na base, como se a roupa me olhasse e dissesse: dance! Lembro-me quando minha mãe ensinava meu pai a bailar em nossa cozinha, pequenos divertimentos que eu jamais irei esquecer.

Logo, fingi um cansaço súbito e a acompanhei até sua suíte, prometendo que eu mesma descansaria para que pudéssemos aproveitar a noite. Ela não iria parar!

Maiara: Prontinho, dona Stella. Está entregue e espero que aproveite seu sono de beleza, pois sorrir muito tempo para eles, cansa. — Eu brinco.

Stella: Exaure, menina. Onde já se viu?! Não estou mais acostumada a essas coisas. Vim por vocês, pois normalmente fico em São Paulo. Mas sentia falta da vibração daqui.

Maiara: É muito bonito. Ficará ainda mais bonito se eu aproveitar daquela banheira imensa e cheia de espuma.

Stella: Isso, menina. Vá e fique linda! — Profetiza a fada madrinha.

***

Apesar de estar sonhando com a banheira, a cama agora parece mais atrativa, meu corpo pedindo para recarregar energias decentemente, apesar de quase oito horas de sono no voo. Aconchego-me nela.

Minha mente está nublada, mas é como se sentisse um toque sutil em minha perna e um corpo quente aninhando-me, tornando meu sonho seguro. Uma segurança estranha que eu não me lembro de ter sentido em algum momento da minha vida.

De repente não estou mais em um bangalô, mas em um campo de lavandas, como aqueles franceses. Minhas mãos brincam tocando aquelas flores tão peculiares e ouço uma risada. Sabe aquela risada fresca que emana felicidade? E dou-me conta que ela sai de mim. Quando olho ao lado, Fernando sorri daquele jeito sacana, parecendo modelo da coleção de primavera de alguma marca famosa. Ele afasta o cabelo dos meus olhos e me estende a mão.

De repente o campo termina e nos resta apenas um penhasco. Por que estamos em um penhasco?

Maiara: Fernando, onde estamos?

Fernando: Para voltarmos para o campo, temos que pular!

Maiara: Eu não posso pular. Vamos morrer!

Fernando: Não te pediria para pular se não fosse seguro, florista. Segure minha mão e salte.

Maiara: Fernando... — Começo a me sentir sufocada. Como pular? Da última vez que pulei havia um oceano bravio e quase me afoguei: em dívidas, frustração e decepção. Meu coração teve tantas rachaduras, que a água inundou como em um casebre a beira mar em dia de tempestade.

Fernando: Florista, segure minha mão e confie. — Pede mais uma vez, quando atrás de nós, uma tempestade se forma violenta e corre em nossa direção. Ou pulamos ou ela nos empurra.

Um Contrato de NoivadoOnde histórias criam vida. Descubra agora