Capítulo 46

407 50 3
                                    

• Fernando •

Após o constrangedor café da manhã e antes de Giordano inventar atividades coletivas, decidi passar um tempo com Maiara, como uma excelente oportunidade para darmos a devida resposta à imprensa e, é claro, acalmarmos uma certa senhora nervosa que ficou em São Paulo.

Maiara: Tia eu não o vi! — Maiara caminha pela areia ao telefone com Áurea, convencendo-a de que não encontrou o ex. — Também não sei o porquê dele ter usado um nome diferente.

Áurea está sentada em uma varanda que acredito ser de Sorocaba e rio mentalmente sobre a facilidade com a qual ele tem a vida invadida e não consegue fazer nada.

A câmera com a vídeo chamada às vezes capta a testa da senhora, mas com muita instrução acertamos a conversa em família.

Áurea: Aquele pilantra desgraçado que não ouse se aproximar de você ou não me chamo Áurea Pereira! Aliás, Fernando já deu uns sopapos nele? Fernando! Chame Fernando!

Fernando: Estou aqui, Áurea. — Aviso, aproveitando a visão gloriosa que Maiara é andando na orla com aquela saída de praia escondendo a melhor parte dela. — Ainda não tive oportunidade, mas tenha certeza de que está na minha lista de prioridades. Terei que trabalhar por nós dois, pois não posso deixá-la se cansar. — Brinco e recebo uma cotovelada de Maiara.

Áurea: Perfeito. — Franzo a testa ao perceber que ela fala sério. — Minha querida, achei que fosse ter um ataque do coração quando li aquelas barbaridades. Aquelas fofoqueiras da igreja não paravam de me ligar, acredita?

Maiara: Realmente, nem imagino de onde elas tiraram essa mania, não é?

Áurea: Não seja debochada, menina! Aquelas lá ficam dizendo que você está enrolando minha Maiara, rapaz. Espero que não seja uma boa cópia daquele outro...

Fernando: Aquele outro a beijava assim... — Digo furtando um beijo na boca de Maiara, perturbando-a, já que sinto uma necessidade visceral em demonstrar que ela é minha.

Áurea: Ou fazia uma festa glamourosa apenas para implorar que essa mulher de coração gelado aceitasse ser sua esposa? — Áurea dramatiza e todos paralisamos enquanto a jovem senhora comemora como se fosse final de copa do mundo. — E quando será?

Maiara: Me ajuda! —Ela chama em voz baixa.

Áurea: O que está sussurrando aí, Maiara? Que feio. Fernando, você se mostra mais sério do que eu esperava. Fico feliz e mais feliz ainda quando eu puder jogar isso na cara da lacraia daquela Ruth Alves.

Maiara: Tia, suas prioridades me comovem. — Maiara ri.

Áurea: É para comover mesmo. Deus sabe o que eu ouvi quando... — ela tenciona ao falar mais uma vez de Luiz, mas algo na expressão de Maiara a cala. — Bem, não quero interromper o passeio de vocês. Preciso preparar o almoço.

Maiara: Tia, vai fazer o almoço na casa do Sorocaba?

Áurea: Esse menino não come direito. Não sei como está vivo. Vive para lá e para cá, para cima e para baixo, isso quando não está de arranca rabo com a minha doce Biah. Talvez seja falta de comida. Se cuidem e mandem notícias. E se ver aquele lá, já sabe, não é Fernando?

Fernando: Às ordens! — Faço continência, como se a ordem superior fosse aniquilar o inimigo.

Maiara: Tão maduros. — Maiara acena negativamente.

***

Seguimos nossa caminhada até estarmos de volta ao nosso bangalô. Voltar ao quarto nunca foi nosso plano, mas parece que fomos naturalmente atraídos. Como se fosse natural, nos despirmos e eu a chamo com apenas um gesto, para mergulhar no oceano azul sob nossos pés no pequeno trecho particular da ilha.

Um Contrato de NoivadoOnde histórias criam vida. Descubra agora