Capítulo 99

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• Maiara •

Aflita. Absolutamente aflita, depois que a rotina estranha que todos nós estabelecemos foi rompida. Eu desejei sua distância, mas ele se impôs de forma tão contundente na minha vida, na minha casa e no meu sofá, que me acostumei.

Ou apenas chamo costume o simples fato de sua presença me desafiar. Eu peço que ele não me chame, mas cada pedacinho dele parece me invocar, quando pela noite o sono me abandona na minha cama e minha mente grita que ele está há alguns passos.

Ou apenas quando ele chega de uma forma despojada, sentindo-se em casa como se morasse em mim, independentemente do endereço. Sua ação constante em agir mediante sutilezas tem me abalado, apesar de eu não demonstrar.

Fernando faz as vontades que eu desconheço ter, como uma simples massagem nos pés, um doce em uma hora inesperada ou apenas se materializar na minha frente quando o coração aperta.

Sempre colocando a raposinha e eu no centro e, de repente, vi-me querendo saber dele. E, por não sabermos mais nos aproximar, Biah e eu nos pegamos com o ouvido na porta e a Tia Áurea aos gritos com Fernando ou Sorocaba.

Preso. Eu apenas ouvi essa palavra e perdi a capacidade de reagir, a memória da manhã em que ele foi levado ainda vívida na minha mente. Biah espanca a porta, impaciente com os mistérios da fofoqueira do banheiro.

Biah: Não faça mistério, pelo amor de Deus! A mulher está aqui branca feito um papel achando que o pai da criança vai ser presidiário!

Áurea: Jesus! — Ela grita abrindo a porta e me encarando assustada. — Ninguém preso! Quer dizer, tem sim, só não entendi quem. Mas não é ele.

Biah: Virgem santíssima, Sorocaba? — Biah me solta e segura minha tia pelos ombros como se isso a fizesse falar mais rápido.

Áurea: Não perguntei sobre ele. Aquele menino é certo demais para ir preso. Meio doido, mas é certo. Por que esse desespero, menina?

Biah: Tia... — Biah perde a paciência e busca o celular, iniciando a ligação.

Áurea: Filha, tudo bem?

Maiara: Sim. Tem certeza de que...

Áurea: Tenho. Mas ele está lá, apenas não sei fazendo que coisa.

Biah: Certo. — Biah fala ao telefone. — Que barulho é esse? Meu Deus, vocês parecem o apocalipse! — Ela reclama e desliga. — Irmã, Fernando está na delegacia porque Agda e Bernardo foram presos.

Maiara: Claro. — Minha mente se confunde. — Natural ele querer ajudar, são a família dele e...

Biah: Não, louca. Fernando quem os colocou lá pelo roubo do projeto e pela fraude. Parece que a coisa ficou feia... enfim, eles não virão para cá.

Maiara: Por quê?

Biah: Para quem está na dúvida, sua cara tem certeza demais. — Constata. — Algo que Bernardo disse e Sorocaba não quis abrir, pois é muito pessoal.

Maiara: Pessoal? Biah é assim que você consegue informações? — Reclamo, enquanto abro a porta da frente olhando para todo lado e sinalizo Marquinhos fofocando com os seguranças.

Marquinhos: Senhorita? Algum problema?

Maiara: Informação. Onde Fernando está?

Marquinhos: Eu não sei...

Maiara: Beleza. Então descobre que vou pegar a minha bolsa.

Áurea: Maiara, o que está fazendo? — Minha tia pergunta. — Você não pode afastá-lo e ser apoio ao mesmo tempo.

Um Contrato de NoivadoOnde histórias criam vida. Descubra agora