Capítulo 27

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• Fernando •

Estou tenso.

Nunca na minha existência imaginei que a casa estaria sendo arrumada para receber uma senhorinha que se acha minha sogra, condição que ela impôs por indispensável, antes das nossas duas viagens.

Maiara e minha avó Stella comandam tudo e noto alguns ramos de girassóis para decorar a mesa. Perfeito. O inferno na terra.

Maiara: Stella, não acha que essa mousse está muito doce?

Stella: Ela está perfeita, querida.

Fernando: Por que está tão nervosa? — Eu me intrometo, pois Marquinhos já foi buscar a convidada e a suposta anfitriã que está à beira de um surto.

Maiara: Nada pode dar errado de novo, lembra? — Ela me encara nos olhos abertamente como não fazia há uns dias. — Meu contratante não aceita mais erros. — Segue em direção a travessa e prova mais uma vez o doce, lambendo o dedo de forma que, acredito, deveria ser proibida. Os lábios suculentos se refestelam no creme e solto um pigarro distraindo-me dessa... disso.

Fernando: Está ideal. — Comento após a análise.

Stella: O médico disse que o açúcar dela está ótimo, menina. — Minha avó a tranquiliza. — Ela só precisa moderar.

Fernando: Ela está doente? — Pergunto e a florista me encara.

Maiara: Nada demais. — Mente descaradamente — Não esqueça de enfatizar que outras pessoas irão nessa viagem e que... — um talento na mudança de assunto.

Fernando: Dona Stella garantirá sua pureza. — Zombo e noto quando ela respira fundo para não me dar atenção ou refutar minha piada.

Aliás, ela está certa. Por que é que eu não estou fazendo o mesmo? Alguma preferência sórdida em tê-la falando sem parar, não me dando tempo de raciocinar?

Stella: Já chega! Digam por que vocês estão assim? Áurea não precisa sequer analisar vocês para entender que não se conhecem. — Minha avó solta em revolto do mais absoluto nada após nossa interação risível.

Ela cometeu um erro e eu me apeguei a ele como escudo.

Maiara: Eu cometi um erro. — Ela fala. — Não quero cometer outro. — Maiara não é exatamente o tipo de mulher que se resigna. Mentirosa. Algo está escondendo e o fato de não encarar ninguém nos olhos a delata.  Que outro erro ela cometeria?

Fernando: Vamos conversar! — Determino. Pegando-a pelo braço, lutando contra sua resistência em falar comigo e levando-a pelo corredor até a suíte. Ela me encara e eu estendo a mão indicando a entrada. Fecho a porta e cruzo os braços, analisando-a. — O que está acontecendo?

Maiara: Se não cumpro com o contrato é um problema, se me dedico também é. Você está confuso, Fernando Zorzanello.

Fernando: E você mentindo, Maiara Pereira. Diga.

Maiara: Nada que você precise saber.

Fernando: Então, seja o que estiver te matando lentamente por dentro, não vai sequer respingar em mim? — Digo me aproximando, enquanto ela recua. Faço de propósito, para evitar que não tenha tempo para pensar em uma desculpa.

Maiara: Eu... eu...

Fernando: Não vou nem saber que você teve um problema, porque não tem a mínima chance de prejudicar qualquer um de nós, não é?

Um Contrato de NoivadoOnde histórias criam vida. Descubra agora