Capítulo 11

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• Fernando •

O depoimento prestado por Maiara não foi demorado e ela se mostrou mais corajosa do que previa. O medo que assisti em seus olhos na noite anterior, dissipado, talvez pelo fato de minha avó ter-lhe oferecido segurança durante todo instante.

A tal amiga, Biah, compareceu apenas após o depoimento e temo saber o motivo. Por que não ficar ao lado da amiga em um momento como esse? Enquanto conversam, sondo vó Stella para saber como foi a oitiva de Maiara.

Stella: Se Áurea descobre como é aquele lugar, ela tem um troço!

Fernando: O que aconteceu ontem era comum? — Pergunto, sem acreditar.

Stella: O que você presenciou, não. Mas homens se excedendo a todo tempo, sim. Ela provavelmente nunca mais irá falar sobre isso, filho. Aquele chefe dela, o tal Tadeu, queria ser o seu cafetão.

Fernando: A própria funcionária?

Stella: Para ele, o ideal. Ela desfilava com bandejas e ganhava quem pagava mais. Ele soube que ela precisava de dinheiro e supôs que ela não iria recusar se tivesse uma forcinha.

Fernando: Filho da puta!

Exclamo, mas perco a fala em seguida. Ela precisava de dinheiro e quem a deixou sem alternativa fui eu. Eu liguei para o gerente e exigi a suspensão do empréstimo. Eu tirei suas alternativas para que ela viesse até mim. Não para que acontecesse aquilo.

Ainda sentindo o sabor ácido das consequências do que fiz, encaro Maiara e Biah que surgem prontas para irem embora. A amiga me sussurra um obrigado e imagino que seja por eu ter entendido seu pedido de socorro na noite anterior.

Deixo-as à vontade e ofereço o motorista para levá-las onde quiserem.

Entendo por oportuno deixar nossa discussão sobre o contrato para depois, considerando o que aconteceu. E que eu fiz parte daquela nojeira. Indiretamente, fiz e ter essa consciência não me torna muito diferente do tal Tadeu.

"Faça o que tem que fazer" cruza essa linha?

Mas, quando me despeço para ir à empresa com Sorocaba, é Maiara quem me surpreende.

Maiara: Senhor Fernando, podemos conversar? — Ela aperta os lábios em nervosismo, mas recuperou a altivez que vi há dois dias.

Fernando: Claro. — Não, eu não queria. Mas devo isso a ela. — Vamos ao escritório. — Deixamos Biah e minha avó conversando e deixo-a entrar primeiro. Ela se mantém a uma distância segura.

Maiara: Desistiu da proposta? — Direta, ela não faz rodeios.

Fernando: Por que eu desistiria? — Pergunto sem entender seu ponto.

Maiara: O que aconteceu pode afetar sua imagem. — Eu sou cretino e isso nunca foi novidade. Ela ainda consegue pensar na minha imagem depois de tudo.

Fernando: Sim, poderia, mas já cuidamos disso. Não se preocupe com minha imagem, Maiara. Para que ela fique realmente intacta, apenas preciso que aceite. O restante nós já cuidamos. — Digo sorrindo o mais natural possível. Nessa forma casual, sem parecer querer arrancar meu pescoço, ela está incrivelmente linda. Por que estou sorrindo?

Maiara: Ok. Se você não tem nenhuma objeção depois do ocorrido, eu aceito sua proposta.

Fernando: Perfeito! Podemos acertar tudo amanhã, se quiser descansar. — Não sei como tratá-la depois do ocorrido.

Maiara: Eu prefiro se fizermos isso hoje. Por favor, não haja como se eu tivesse uma doença contagiosa. Eu sei o que quase aconteceu ontem e agradeço que tenha evitado o pior. É isso, não foi pior. Prefiro pensar na loucura desse contrato que agora me parece até normal. — Ela diz convicta.

Um Contrato de NoivadoOnde histórias criam vida. Descubra agora