Um Contrato de Noivado

Capítulo 12

• Maiara •

Biah: Maiara, de onde você conhece o figurão? — Passado o susto, Biah finalmente parece ter coragem de perguntar, enquanto me ajuda a esconder os vestígios roxos no meu rosto.

Maiara: Dona Stella. Ela e vovó se conheceram pela igreja e uma coisa levou a outra.

Biah: Você apenas esqueceu de comentar que conheceu Fernando Zorzanello. Sério, não é como se isso fosse comum.

Maiara: Não achei importante na época. — Tento diminuir a importância. Se minha melhor amiga não acreditar, imagina minha tia. — Foram encontros ocasionais, nada que eu precisasse dar tanta relevância.

Biah: E de repente ele está no bar, salvando você, te colocando na cama dele e resolvendo sua vida? — Ela me encara mostrando que não acredita em uma só palavra. — Ele te contratou? Sabe que não julgo, sou a última na terra que poderia, mas não parece ser da sua natureza aceitar e...

Maiara: Como assim? — Eu a interrompi e então compreendo apenas pela cara que ela faz. — Não sou acompanhante de luxo.

Biah: Se fosse, me diria?

Maiara: Se esse fosse o caso, sim. Nós apenas ... nós nos conhecemos.

Biah: Não justifica a presença dele justamente naquele lugar.

Maiara: Estamos juntos! — Jogo, sem ter mais argumentos. Biah não acredita que a vida pode ser um conto de fadas e, se alguém estendeu a mão, provavelmente é para te puxar pra baixo.

Biah: Juntos. — Ela testa a palavra. — Desde quando?

Maiara: Há um tempo. Mantemos segredo por conta da empresa.

Biah: Ele está escondendo você? Se ele acha que...

Maiara: Não! Nada disso. Biah, eu quis ficar escondida. Olha a loucura! Ele é o Fernando Zorzanello.

Biah: E se estão juntos, por que não pediu ajuda a ele? Sabe, a floricultura e tudo mais.

Maiara: Nunca! Sabe que eu jamais faria isso, principalmente depois do que aconteceu com Luiz.

Biah: Meu Deus do céu! Eu sou amiga do amor da vida de Fernando Zorzanello! — A histeria. Aquela típica quando uma amiga se apaixona. Queria sentir, mas para isso eu teria que estar apaixonada. Não a impeço, apenas rio de sua animação. — Você é a própria Cinderela, mas sem madrastas, abóboras e essas coisas. Só a parte do final feliz! Meu Deus! Meu Deus!

Maiara: Calma! Nem mesmo Tia Áurea sabe. Ela vai surtar.

Biah: De felicidade. Você sabe que ela deseja o melhor para você.

Maiara: Isso não inclui o badboy mais presente nas colunas sociais.

Biah: Aliás, se ele está com você posso saber por que continuou aparecendo nas revistas como o solteiro mais cobiçado de São Paulo?

Maiara: Aparências. Mas ele não estava com ninguém. — Minto.

Biah: Então agora vocês vão oficializar? Amiga, isso tudo é real?

Maiara: Eu sei. A florista e o CEO parecem ser efeito de um surto coletivo.

Biah: Mulheres como nós dificilmente conseguem essa sorte sem sermos contratadas como acompanhantes. Desculpa a honestidade, mas você sabe da realidade que estou falando.

Suas palavras pesam em mim. Eu sei e é verdade. Queria desmentir de forma honesta e dizer que ela deve acreditar em suas crenças de finais felizes.

Mas a realidade é que eu sou o que ela diz: uma mentira. Não há um relacionamento entre a florista e o bilionário. Não há o efeito cinderela e a fada madrinha não apareceu para me ajudar.