Capítulo 10

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• Maiara •

Quando despertei, ouvi a voz de dona Stella chocada com algo, provavelmente comigo. Levantei-me no susto, tentando entender onde estava. Assim que abro os olhos, noto que o ambiente ainda está escuro, mas não faço ideia de onde eu estou ou que horas são.

Mas me lembro em detalhes o que aconteceu e me encolho.

Stella: Querida! Acordou!

Maiara: Dona Stella?

Stella: Está tudo bem! Avisei a sua tia que eu te encontrei e a convidei para ficar aqui, pois estava tarde. Como você está, minha menina?

Sua pergunta cai como uma bigorna na minha cabeça, quando as imagens da noite anterior avançam e parecem espremer meu cérebro e comprimir meu estômago.

Fernando me salvou.

A lembrança me faz olhar ao redor, tentando compreender o que aconteceu depois. Ver um rosto conhecido parece ter desmantelado meu cérebro, junto com a pancada que o homem me deu, e eu apaguei. Ele não é a pessoa mais confiável e muito menos a mais conhecida, mas era o que eu tinha ali na hora do desespero.

Maiara: Fernando? Ele brigou...ele...

Stella: Ele está bem, querida. Nada que um pouco de gelo não resolva. E você?

Maiara: Eu não sei. — Fui honesta.

Stella: Os meninos já cuidaram de tudo.

Maiara: Eu não quero ir à polícia. Não agora.

Stella: Eles virão até você. Fique tranquila, falo sério. Cuidaremos de você. Nete me ajudou a trocar sua roupa e agora trouxe esse chá. Tome para que seu sono seja tranquilo.

Maiara: Por que está fazendo isso?

Stella: Depois do que passou é o mínimo que se espera de outra mulher. — Sorrio em satisfação. — Fico feliz que ele chegou a tempo.

Maiara: Não sei como agradecê-lo. Ele... acho que devo agradecer por você ter me encomendado aquelas flores.

Stella: Está segura agora. Garantimos isso.

Maiara: Há um dia eu achava isso uma loucura.

Stella: O que?

Maiara: Refiro-me ao contrato.

Stella: Mas isso não é importante agora.

Maiara: É sim. Não quero falar sobre "o outro" assunto. O contrato me parece até simpático agora. Aliás, foi ele quem colocou vocês no momento exato em que precisei. — Forço um sorriso.

Stella: Já disse, minha querida. Se meu neto deve posar de noivo por aí, quero que seja ao menos com uma moça decente.

Maiara: Tenho certeza de que tem muitas por aí. — Sorrio.

Stella: Nenhuma com tanta cor. Você é um pequeno suspiro de vida, menina. Decidiu aceitar? — Faço uma careta — Você quis mudar de assunto. — Ela sorri.

Maiara: Não tenho muita escolha. — Digo rindo sem jeito, pois agora nem mesmo meu emprego no bar eu tenho. Jamais conseguiria voltar para lá. — Literalmente não me restou qualquer escolha.

O peso dessa afirmação cai sobre mim, pois se não existisse toda essa loucura, a proposta de Tadeu não seria tão horrível assim, se o objetivo for a saúde de Tia Áurea.

Um Contrato de NoivadoOnde histórias criam vida. Descubra agora