Capítulo 89

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• Maiara •

Situações desesperadas, pedem medidas desesperadas e foi o que me levou a pedir ajuda a Nathan. Ele não questionou, apenas nos colocou em um carro discretamente e nos levou para Goiânia, na casa de outro amigo que já o ajudou em momentos desesperados.

Ele tem sido discreto e seus sinais já não são tão óbvios, talvez testemunhar minha confusão o tenha espantado e feito-o um excelente amigo. Não há espaços para Fernando, mas também para nenhum outro.

Estava prestes a procurar algum emprego discreto, apesar de grávida, a fim de não sermos sustentadas por ele, mas a floricultura foi logo vendida. A realidade de que perdi um dos meus maiores sonhos veio com força quando o dinheiro caiu na minha conta.

Chorei por toda noite e nada do que Tia Áurea dissesse, me fazia parar. As coisas foram ruindo uma por uma. Primeiro meus pais, a saúde de Tia Áurea, a floricultura, Fernando... não sobrou nada.

São Paulo tem vida e é ensolarada. Sua natureza parece ser a minha própria e quanto mais tempo fico em Goiânia, mais eu odeio tudo o que aconteceu.

Lucas: Ainda acordada? — A voz grossa e com certa leveza chama minha atenção.

Maiara: Consegui dormir.

Lucas: Sabe que tem dormido pouco, não é? Não é normal uma gestante com insônia...

Maiara: Minha mente discorda. — Sorrio.

Lucas: Quer dar uma volta?

Maiara: A essa hora?

Lucas: É um lugar legal. Prometo! — Ele diz em posição de juramento, colocando a mão no peito.

Maiara: Eu não sei...

Lucas: Maiara, eu não mordo. Já sabe que pode confiar em mim.

Maiara: Ok. Me dê cinco minutos.

No tempo combinado desço e Lucas já me espera no carro, o ar condicionado tornando o clima mais agradável e a música me acalma. Noto que apenas subimos, em direção à zona menos urbana de Goiânia e, quando não mais vemos civilização, Lucas para o carro sorrindo, ajuda-me a descer e pega uma mochila no banco de trás.

Caminhamos por uns dois minutos e a visão da cidade, é de tirar o fôlego.

Maiara: É aqui que você me mata? — Brinco.

Lucas: Perderia a licença. Adoro clinicar.

Maiara: Que sorte a minha!

Lucas: Venha. Quero que veja isso.

Ele estende uma coberta e me faz sentar no chão, observando a cidade praticamente sob os meus pés.

Maiara: Isso é lindo.

Lucas: Sim. É perfeito.

Maiara: Sempre vem aqui?

Lucas: Vinha. É a primeira vez em anos, na verdade.

Maiara: Parece que perdeu alguns anos então.

Lucas: Perdi. — Diz ficando mais sério. — Maiara, eu sei que morre de medo de que eu me declare a você. — Ele ri. — Não posso ver uma vergonha que eu já me jogo. — Ele ri da minha expressão de, me mata por favor, e prossegue. — Eu a admiro, é verdade, mas não poderia me inclinar a nada além da amizade, antes de tudo porque eu não consigo e, em segundo, por você.

Maiara: Eu?

Lucas: Quando me pediu ajuda e me contou sua confusa história com os Zorzanello, você disse algo que eu guardei.

Um Contrato de NoivadoOnde histórias criam vida. Descubra agora