Capítulo 96

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• Fernando •

Agi feito um louco quando soube que Luiz estava na cola de Maiara e sequer percebi as ruas de Goiânia quando o avião pousou e o táxi cortava as ruas da cidade em busca do amor da minha vida.

Perdi alguns segundos da minha vida quando ouvi Áurea se exaltar, obrigando-me a praticamente derrubar a porta para encontrar Maiara pálida, se escorando. Eu somente consegui reagir, quando ela voltou a si.

E, então, eu a vi. Os olhos castanhos, os lábios prontos atraindo-me a um beijo, sua expressão surpresa ao me ver justamente ali, em Goiânia, onde se escondeu de todos. De mim. Eu vi o instante em que me percebeu e logo desviou tudo de mim. Insuportável me ver, pior ainda falar meu nome.

Humilhei-a em minha ira. O que eu esperava, senão isso? Seu olhar grita uma separação incisiva entre ela e eu, suas emoções tiradas de perto e colocadas fora de alcance.

Obriguei-me a me manter inerte mesmo quando ela se despedia do médico, abraçava-lhe e trocavam confidências. Não me impedi de olhá-la no trajeto, perceber as mudanças no seu corpo e todas as vezes em que escondia seu olhar de mim. Percebi a mão protetora sobre o ventre e as vezes que acordava assustada. Reações, por menores que fosse, como um maldito stalker, zombando do instante em que eu declarei rescindido o contrato e pus fim à nossa mentira.

Ela não se orgulha da sua raiva e não a usa de escudo contra mim. Encolhe-se, se afasta e não permite que os seus espinhos me atinjam, por mais que eu implore para que ela faça isso. Mereço a amargura, a raiva e desejaria que ela gritasse contra mim se fosse possível. Seria uma reação, ao contrário do seu afastamento emocional.

E para selar tudo, ela não quer voltar sequer a pôr os pés no nosso apartamento. Ela fechou aquela porta e eu preciso encontrar outras. Mas ainda assim, não sei qual é a chave para voltar a ser seu amor.

Maiara: Alguma notícia?

Abro os olhos, surpreendido quando ela aparece na sala, meu atual quarto, com uma xícara de chá... fedido.

Fernando: Deus, o que é isso?

Maiara: Tenho minhas dúvidas se foi Deus quem fez. É chá para o bebê. — Ela diz, fazendo uma cara de asco. — Tia Áurea me obriga a beber coisas antes de dormir que eu duvido sejam para ser ingeridas.

Fernando: E você está me servindo por...

Maiara: Concordamos que você é o pai, certo? Caso se sinta mais confortável podemos fazer o exame de DNA, mas apenas após o nascimento, pois não quero ninguém espetando um metro de agulha no meu bebê apenas porque você quer. Aquilo tinha que ser proibido, na verdade. Eu pesquisei, nem sei exatamente o motivo, mas acho que apaziguava as coisas, porque eu não aguento mais confusão e...

Fernando: Hei! Hei! Hei! Não, eu não quero o exame, Maiara. Questionar qualquer coisa foi estupidez e até eu sei disso. Eu quero saber o motivo do chá?

Ela pisca algumas vezes, me encarando, analisando minha resposta.

Maiara: Por que está aqui? — Ela muda de assunto do nada, enquanto aquela coisa verde nos encara.

Fernando: Eu não vou deixar você sozinha. Não entendeu isso?

Maiara: Seus seguranças...

Fernando: Eu não vou deixar você sozinha.

Maiara: Você tem as coisas da empresa... e tem que...

Fernando: Não vou deixar você e o nosso bebê sozinho.

Maiara: Posso te dar notícias todos os dias. Não precisa se sentir obrigado a ficar.

Um Contrato de NoivadoOnde histórias criam vida. Descubra agora