Capítulo 70

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• Maiara •

Minhas pernas estão bambas, mas faço o possível para alcançar o carro na calçada e pedir que Marquinhos me leve para a casa de Sorocaba. Ele não compreende meu desespero, mas insisto que corra, que ultrapasse sinais e que faça o possível, mas eu preciso ver Biah.

O trânsito lento impede que eu seja rápida o bastante e o relógio parece disposto a lutar contra mim, a favor do inevitável. Minha mente sequer raciocina quem seja o remetente da mensagem, pois pode ser todo e qualquer um que esteja contra Fernando e eu.

Não tenho salvo o número de ninguém e minha mente não consegue trabalhar o bastante.

Maiara: Sorocaba! Preciso falar com Sorocaba! Não tenho o número...

Afirmo mesmo que Marquinhos não entenda o que está acontecendo.

Marquinhos: Senhorita, melhor voltarmos para o condomínio e...

Maiara: Não! Fernando está com a mãe e ela... meu Deus. Marquinhos, eu preciso falar com Sorocaba. Fernando está com Filomena e nesse momento ela não precisa de mais um motivo... — sinto meu coração disparado e as lágrimas saltando em meus olhos, impedindo-me de manter o raciocínio. — Eu preciso que vá até o apartamento de Sorocaba. E que ligue para ele...

Ele me entrega seu próprio celular, com o número de Sorocaba piscando na tela. A chamada é contínua e cai na caixa postal, mas não desisto e insisto.

Minha mente, embaçada pelo temor, começa a imaginar se Bernardo teria coragem de afetar os próprios negócios apenas para mostrar a Fernando e eu que tem razão. Ele faria isso? Jogaria na lama o sonho do neto, destruiria o sonho de Biah, que ele mal conhece, apenas para ter razão?

Ou, se não for ele, mas sim os Almeida. Com que intuito Luiz tramaria contra Biah e a levaria para longe? Que espécie de amor doentio e sem medidas ele oferece fazendo-me cada vez mais mal do que bem?

E, por fim, recordo-me de Tadeu. Nunca mais o vi desde o dia em que Fernando o afastou por meio de ameaças. A samambaia não faria tal coisa e os Giordano...

Deus, por que não temos um segundo de paz, sem essa gente mesquinha querendo intervir na vida alheia a troco de nada? Bem, de tudo. De fortuna, poder, renome. A ganância que move o mundo me prejudicou quando eu não tinha nada e agora pretende levar o pouco que de fato é meu, justamente pelo muito.

A chamada insiste em não ser atendida e minhas mãos trêmulas começam a ficar inúteis. Desisto de tentar não incomodar Fernando e ligo para ele.

Fernando: Marquinhos? Aconteceu alguma coisa?

Maiara: Fernando!

Fernando: Maiara, por que está com...

Maiara: Fernando! Por favor, preciso que fale com Sorocaba!

Fernando: O que aconteceu?

Maiara: Biah... eu não consigo chegar no condomínio dele e ele não me atende... eu preciso...

Fernando: Amor, se acalme. Diga o que aconteceu?

Maiara: Estão a ameaçando, Fernando. Alguém ameaçou ligar para a imigração!

Fernando: Passe para Marquinhos, Maiara.

Sem saber como agir, faço o que ele pede e seco o rosto. Finalmente o trânsito flui e minha mão já se encontra prestes a abrir a porta, assim que chegarmos ao prédio.

Praticamente me lanço para fora do veículo, antes de entrar na garagem, mas dois passos sequer são alcançados, quando um homem esbarra em mim de forma brusca, lançando-me ao chão.

Um Contrato de NoivadoOnde histórias criam vida. Descubra agora