Capítulo 109

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• Fernando •

A equipe de bombeiros demora, ou talvez a dor excruciante tenha desacelerado o tempo, mas enfim conseguem sustentar o carro com um guincho, deixando-o levemente suspenso.

Eu ofego, meus pulmões queimando, enquanto o homem a quem eu ajudei olha para mim em agradecimento, sem saber que ele acaba de salvar a minha vida. Eu não consigo me levantar e logo sou ajudado e arrastado para longe do veículo, o sangue em minhas mãos estancado por bandagens. Elas estão tão dormentes que sequer consigo sentir a dor, entorpecido pelo desespero de saber que Maiara ainda está no maldito carro. Com o homem que supostamente é o meu irmão.

Policial: Senhor, o carro chegou. Vamos avisá-los que poderão fazer o transporte...

Fernando: Não estão pensando em deixá-los fugir, não é?

Policial: Não, tentaremos detê-los na troca, mas com eles presos no veículo e sem visibilidade é impossível.

Stella: Sabiam, enquanto o carro despencava? — Stella se intromete.

Levanto-me, mãos envoltas em um curativo que o socorrista fez e acompanho o movimento da polícia, dando o que é possível para não intervir em tudo.

Vejo o carro com vidros sem película se aproximando, o policial com colete à prova de balas, mostra que está desarmado, sai e o deixa ali.

Policial: Bernardo e Luiz, o veículo está abastecido e com a chave na ignição. — Dizem no alto falante e o meu celular toca no mesmo instante e consigo atendê-lo com dificuldade.

Luiz: Se aproxime do carro ou acabo com o parasita aqui mesmo — A voz de Luiz soa e quando o olho, me encara, antes de desligar.

Sorocaba: O que foi? — Sorocaba questiona.

Fernando: Ele me quer de escudo.

Sorocaba: Do que está falando?

Fernando: Eles são dois e se odeiam, Sorocaba. Bernardo a usará de escudo. Luiz quer o dele. — Respondo e, antes que ele possa me impedir, caminho, ouvindo o repúdio das autoridades.

Assim como imaginado, ambos parecem ter entrado em um acordo e, para poupar Maiara, Luiz pôs na mira alguém importante para Bernardo.Ele não sabe que essa pessoa não existe?

Bernardo: Parece que você é oferta na disputa entre Caim e Abel, sua puta suja! — Bernardo a sacode.

Fernando: Do que está falando Bernardo? — Pergunto tentando ganhar tempo.

Bernardo: Aquela mulher não fez uma merda certa na vida! — Exclama sozinho e começa a rir no auge da sua loucura. — Agora essa aqui preferiu o legítimo ao invés do bastardo e olha onde estamos? Nunca bom o suficiente, não é Luiz? — Ele continua. — Pouco para um Zorzanello, nada para um Almeida. Sempre tentando provar o seu valor. Quer provar que ganha de alguém, não é? Não pode ser como Felipe, mas pode ter o que Fernando quer. Aprenda, Fernando, toda mulher Zorzanello nos leva à ruína. Stella, essa puta... Filomena. Ela odiava tanto seu querido pai que não hesitou abrir as pernas até mesmo para um Almeida. Ou para mim. — Ele ri. — Vai saber a quem esse aí puxou!

As coisas começam a ganhar compreensão. A partir do momento em que Maiara me escolheu, despertou a parte mais perigosa de Luiz. Ele sempre esteve entre os dois mundos e nunca pertenceu a nenhum. Ele sempre foi a ovelha malvista entre os Almeida, aquele que não era capaz de nada, porque era a prova da traição de seu pai.

Aceitou conquistar Andressa para provar que conseguiria vencer os Zorzanello. Precisava ajudar os Almeida a vencerem a guerra que Bernardo começou nos negócios e Filomena perpetuou na vida pessoal.

Um Contrato de NoivadoOnde histórias criam vida. Descubra agora