Capítulo 98

396 47 31
                                    

• Fernando •

Encaro a fachada do imenso e elegante prédio público onde fica a Corte na qual o processo referente ao direito autoral do meu projeto está em curso. Sorocaba quer que nos reunamos para despachar com o Juiz Carlos e eu não entendi bem o motivo.

Sorocaba: Achei que não sairia da toca. — Ele afirma ao me ver, cumprimentando-me. — Como ela está?

Fernando: Tranquila, se considerar que um maníaco permanece à espreita.

Sorocaba: Ela aceitou bem a sua estadia na casa?

Fernando: Desconsiderando o fato de que Áurea sequer a permitiu opinar, pois teme pela segurança dela e falou algo sobre árvores amarelas que eu não entendi, Maiara até que aceitou bem. A prioridade é o bebê. Enquanto estivermos focados nisso, conseguiremos levar a situação.

Sorocaba: Entendi. Biah irá vê-la hoje. Boa sorte. — Ele zomba pelo caos natural que ambas se tornam quando juntas.

Fernando: É nessa parte que você assume o que está rolando com Biah?

Sorocaba: Eu sou apenas um caminho, um caminho muito bom, para que ela consiga viver no país. Não inventa.

Fernando: Inventar? Claro! Sorocaba, por que não assumem logo? — Ele fica sério, perdendo o tom de brincadeira.

Sorocaba: Ela não quer.

Fernando: Biah rejeitou você? Não é o que parece quando...

Sorocaba: Eu não sei o motivo. Ela não fala... enfim. Mas, estamos aqui para tratar da empresa. Conseguimos provar que os Almeida não são as mentes por trás do projeto. Contudo, para que eles respondam criminalmente, precisamos provar que eles sabiam que o projeto foi roubado. Logo, precisamos saber quem o pegou.

Fernando: O que eles alegam? Se não é deles, é óbvio que foi roubado!

Sorocaba: Um laranja. Estão alegando que um empregado assumiu a autoria e a empresa apoiou o projeto sem saber que era fruto de roubo.

Fernando: Desgraçados! Tem que ter alguma maneira!

Sorocaba: E tem. Fernando, eu sei que sua resolução no auge da raiva foi expulsar Agda da vida de vocês, mas...

Fernando: Você quer que ela responda criminalmente.

Sorocaba: Sim. A empresa precisa denunciá-la logo. Eu sei que sua mente está na segurança de Maiara, mas resolver isso é igualmente relevante, pois preso ele não machuca ninguém.

Fernando: E para isso eu preciso voltar.

Sorocaba: Sim, já é tempo de voltar para a empresa. Nós viemos aqui obter os documentos e conversar com Carlos, para garantir ao conselho que você está apto a voltar. Assim que se sentar naquela cadeira de novo, faça o que tem que fazer.

Fernando: Custe o que custar. — O que ele me pede é o óbvio: que coloque minha família atrás das grades. — Farei isso.

A conversa com o Juiz Carlos é tranquila e ele fala com garantia que o processo está bem instruído. O crime de fraude decorrente da espionagem industrial depende que eu abra uma ocorrência contra Agda e Bernardo e depois devo torcer para que o Ministério Público dê ao caso a devida atenção, para que as provas contra os Almeida venham à luz.  O intuito é forçar um acordo com Agda e pegar todos os envolvidos.

***

A reunião com o Conselho diretivo flui naturalmente, todos com uma cópia dos documentos, mas na verdade não presto tanta atenção. Apenas o encaro, no topo do seu trono, do qual jamais desceu. Imponente e tirano, Bernardo age e fala como se, de fato, quisesse mandar ao inferno o responsável por tudo isso.

Um Contrato de NoivadoOnde histórias criam vida. Descubra agora