Capítulo 52 Esquecendo Das Coisas.

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Suzana

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Suzana













No dia seguinte pela manhã, papai já havia voltado a ser o que era, embora não lembrasse de ter esquecido da sua família no dia anterior.

O Alzheimer foi confirmado na manhã no dia seguinte. A energia nunca tinha estado tão pesada naquela casa, como no dia em que ele os dois deram a notícia.

Asafe e Davi estavam arrasados, e mamãe e papai se trancaram em seu próprio mundo que gravitava em volta deles mesmo, e mais uma vez excluíram os filhos.

Eu, eu não me importava nem um pouco, na verdade fiquei muito feliz quando recebi a notícia. Tive que exigir muito de mim para não deixar um sorriso atravessar meu rosto.

Ele esqueceria de tudo, ele esqueceria que eu não era filha dele. Eu não precisava mais andar pelos cantos com medo de sua reação toda vez que usava uma joia da família, não precisa mais lutar por sua aprovação. Um dia, Edward nem mesmo lembraria seu nome.

As próximas semanas depois do diagnóstico foram uma confusão. Papai queria continuar seguindo com a vida como se nada estivesse acontecendo, o que era ridículo. O tratamento é os remédios que tinha que tomar mexiam com ele, mas ele se recusava a admitir. Mamãe é claro que estava se preocupando em excesso. E Davi havia mais uma vez assumido o papel de pai, era o único da família que estava deixando sua dor de lado para cuidar da gente. Edward e Candece deviam muito a ele.

Levi chegou das férias com a família algum tempo depois, e logo que eu contei tudo a ele, ele continuou por bons segundos me fitando surpreso.

- Sua família deve está muito arrasada Su! Lamento profundamente. – Disse com compaixão.

- Não lamente. Foi a melhor coisa que poderia nos acontecer. – Falei baixinho, já que o drive estava cheio – agora que ele vai esquecer, tudo vai melhorar para mim. – Expliquei caso ele não tivesse entendido – Uma pena que vai demorar tanto, se ele ao menos fizesse a bondade de morrer logo, de uma vez.

Sorri. Isso facilitaria muito a minha vida.

- Na pesquisa que eu fiz mostrou que pessoas com Alzheimer vivem bem menos... – Continuei mas me interrompi quando vi que Levi me olhava horrorizado. – Ah não Levi, quer que eu finja que me importo, Até pra você? Sabe muito bem das coisas horríveis que ele me fez passar.

- Ainda assim... Como pode falar esse tipo de coisa, ele é o pai dos meninos. Seus irmãos estão sofrendo.

- E eu sinto muito por eles! – Respondi rapidamente – mas não vou sentir nem um pouco quando ele morrer, e mal posso esperar para que aconteça logo. – Admiti.

Essa era a verdade. Eu queria ele morto por ter me feito eu me odiar. Mas antes de morrer, que sofresse bastante.

- Tem noção do quão horrível é o que você está dizendo, Suzana? – Levi retorquiu com indignação.

Eu tive que respirar fundo para manter a voz calma.

- Vai ficar do lado dele? Eu sei muito bem que se os papéis fossem trocados, Edward pensaria o mesmo de mim! – As palavras saíram rápidas demais.

E eu já estava começando a sentir a ansiedade bater. Não queria brigar com Levi, mas me irritava tanto que ele defendesse Edward.

- Um mal não justifica outro!

Meneei com a cabeça incrédula. Sabendo que hoje não dava mais para falar com ele, essa conversa já estava me deixando com raiva do próprio Levi, e eu sabia que quando estava com raiva dizia coisas que o magoava, e eu não queria isso, se eu o machucasse, então quem estaria ao meu lado para me alegrar nos momentos difíceis.

- Acho melhor eu ir. – Disse levantando, e saindo do drive sem dar tempo para protesto.

Cheguei em casa bem antes do jantar. Subi as escadas da entrada principal de dois em dois, e fui em direção ao corredor que comunicava a escada que daria para meu quarto. Meu plano era tomar um belo banho, descansar, e depois ligar para me desculpar com Levi, mas algo mais interessante chamou minha atenção no corredor.

Embora a porta da biblioteca estivesse fechada eu consegui ouvir os sussurros que vinham dela.

- Não pode deixar essas coisas te entristecerem, Edward. – A voz abafada de mamãe soou.

- Eu sei... Eu só que sinto que essa doença tá me roubando de você, das pessoas... Eu ando me esquecendo das coisas Candece, tá acontecendo mais rápido do que eu esperava. Ontem eu estava conversando com Heracles por telefone, ele perguntou sobre vocês, eu... Fora a memória afetiva que  tenho, eu me lembrei muito pouco. Não gosto de pensar ou admitir isso, mas eu realmente estou esquecendo das coisas, momentos, canções, livros, nomes... Tá tudo se tornando borrão, sumindo da minha cabeça, às vezes volta, às vezes demora muito para voltar e isso me assusta.

Um sorriso tomou conta do meu rosto. Estava acontecendo tão rápido assim?

- Não quero te esquecer outra vez. – Ele murmurou.

- Edward, eu estou aqui. Não se preocupe com nada disso, mesmo que...

- Senhorita Levins... – Eu pulei assusta ao ouvir meu nome.

- Senhor Jhon. – Disse assustada quando me virei e encontrei o olhar de desaprovação em seu rosto. – Pregou-me um susto.

O mordomo arqueou a sobrancelha com o tom de choque em minha voz, e depois suspirou.

- Preciso entrar, a senhora Levins está esperando pelo chá, e os remédios do senhor Levins. – Ele avisou gesticulando para a porta atrás de mim.

Pigarreie. Sabia bem que esse velho de nariz empinado iria falar que eu estava ouvindo.

- Tudo bem, eu entrego. Já iria entrar mesmo. – Menti tomando a bandeja das suas mãos e ignorando seus protestos. – Você pode ir. – Disse batendo na porta e entrando em seguida.

- Trouxe o chá, e os remédios. – Avisei fechando a porta atrás de mim.

- Obrigada, querida. – Mamãe disse melancólica, quando pousei a bandeja na mesa.

Eu absorvi o sentimento de tristeza, e fiz o meu melhor para fingir que sentia o mesmo.

- Como estamos hoje? – perguntei.

Edward estava sentado atrás da mesa com a cara fechada, seu olhar estava duro, e ao mesmo tempo perdido. Mamãe na cadeira da frente parecia extremamente cansada. Ninguém nem ao menos teve tempo de responder minha pergunta, o celular de mamãe tocou.

- É da Fler. – Ela avisou levantando – comecem sem mim. Eu não vou demorar.

Assenti.

- Está tudo bem? – Perguntei quando ficamos sozinhos. Papai massageava as têmporas com insistência. – Se estiver com dor de cabeça posso pegar um remédio para você. – Sugeri.

- Você pode calar a boca e sair! Sua voz me causa náuseas. – Ele disse com a voz dura, mas ainda com os olhos fechados.

Suzana

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O AMOR ME CUROUOnde histórias criam vida. Descubra agora