Suzana e Isaque
- Tenta não se assustar com a empolgação da minha mãe. – Isaque disse enquanto seguíamos pelos corredores da sua casa.
Eu olhei para ele e sorri. Quando Isaque me convidou para lanchar em sua casa, porque segundo ele seus pais queriam me conhecer, eu me senti curiosamente feliz, só pelo fato de seus pais, que eu descobri mais tarde se chamarem Vitória e Rafael, terem interesse em mim.
Nós adentramos uma saleta, elegante e minimalista, e lá dentro sentando um ao lado do outro estavam seus pais. Vitória foi a primeira que atraiu minha atenção, tinha o cabelo muito preto e ondulado. Já Rafael era a versão do Isaque, só que mais velho, e mais alto também.
Os dois se colocaram de pé quando nos viram, e Veronica se aproximou com um sorriso que preenchia todo seu rosto e me abraçou de uma vez.
- Suzana, eu estava curiosíssima para associar um nome ao rosto. Ultimamente tenho ouvido muito sobre você. – Ela começou voltando a me fitar – você é muito bonita.
- Obrigada. – Sorri em agradecimento – a senhora também é muito bonita.
- Nada de senhora, apenas Vitória. – Ela voltou a falar com delicadeza.
- Meu bem, deixe a Suzana respirar um pouco. – O pai do Isaque brincou se aproximando também – Seja bem vinda a nossa casa, Suzana. Estamos felizes em conhecer a garota que está deixando nosso cabeça dura mais culto.
Eu me voltei para Isaque com um sorriso. Ele estava vermelho, e parecia que iria se enfiar embaixo da mesa a qualquer momento.
- Sou eu quem agradece o convite senhor Rafael. – Respondi com educação.
- Venha querida, sente-se. – Vitória voltou a falar e gerticulou para a cadeira a sua frente.
Isaque sentou na cadeira ao lado.- Meu filho disse que você gosta de chá, então eu pedi que preparassem alguns.
Assenti olhando para a variedade na mesa, além dos chás, havia bolos, biscoitos, e outra coisa que eu nunca havia visto antes.
- Muito gentil da sua parte. – Disse enchendo minha xícara. – Eu agradeço mais uma vez pelo convite.
- E nós por tê-lo aceitado. – Vitória respondeu. – E é bom que vá se acostumando porque vou chamá-la mais vezes.
- Mãe...
- Não, tudo bem! – Afirmei me reaprendendo mentalmente por sentir um pouco de inveja de Isaque.
Candece nunca antes tinha se preocupado em conhecer minhas amizades em Londres. Desconfiava que ela nem mesmo sabia o nome da Alisson, e da Emma. Sempre tão alheia a qualquer coisa que não fosse Edward.
- Eu vou gostar muito de vir mais vezes. – Afirmei com veemência.
Vitória voltou a sorrir com satisfação. A tarde foi muito agradável, conversamos por um bom tempo. Vitória era um amor, e seu marido Rafael era atencioso e gentil. Isaque tinha tido muita sorte por ter nascido em uma família tão calorosa, e em alguns momentos eu não puder evitar sentir inveja dele. Eu teria gostado muito de ter tido algo parecido.
☘️
A virada do ano daquela vez foi diferente. Passamos na igreja, é claro. E depois do culto voltamos para a mansão, onde uma recepção no jardim com direito a jantar e tudo esperava por nós, e pelos convidados da vovó. Ela disse que seria uma coisa mais íntima, mas eu desconfiei que não poderia ser verdade, toda a igreja estava lá, e ainda muito dos seus funcionários. O clima estava tão bom, com música ambiente, pessoas sentadas em suas mesas, sorrindo, comendo e conversando que eu pensei que esse poderia ser o melhor ano novo que já tinha tido.
Geralmente quando estávamos em Londres, mamãe costumava oferecer um jantar para algumas pessoas do seu círculo social, ela sempre convidava a vovó, que recusava educadamente, dizendo que já havia se comprometido em organizar um jantar para a igreja. Eu não conseguia entender como ela conseguia deixar de passar esse momento conosco para ficar ao lado de outras pessoas, que nem sequer eram sua família. Agora eu entendia. Todos se tratavam tão bem, não parecia haver falsidade, ou exibicionismo.
Eram só pessoas, das mais ricas a mais simples, se tratando como igual, e desfrutando da companhia uma da outra. Se eu soubesse que me sentiria assim tão bem no meio deles, teria vindo antes.Dei uma boa olhada em volta das mesas atrás dos meus irmãos. Já fazia um tempo que não os vias, e estava ansiosa para dá o presente que havia comprado para eles. Depois do jantar, eu subi para pegar os presentes, mas não os encontrei na volta.
- Com licença. – Chamei umas das moças que estavam servindo a mesa – você viu meus irmãos?
- Sim. Acabei de levar uma água para eles no escritório. – Ela respondeu gesticulando para a casa.
- Obrigada. – Agradeci fazendo meu caminho de volta.
Segui rumo a entrada principal, e depois para o escritório de Davi, que estava entreaberto. Os dois sentados em um sofá, de costa para a porta faziam uma chamada de vídeo com o pai.
- Como foram as coisas por aí? – Edward falou.
Eu congelei meus pés e dei um passo para trás. Não queria que me vissem, mas só ouvir o som da sua voz me causou calafrios.
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O AMOR ME CUROU
RomanceSuzana Moreal Levins, morava na Inglaterra desde os sete anos de idade, a Londres fria e chuvosa era o único lar de que se lembrava, e era também o ultimo lugar em que queria está. Um trágico acidente havia contribuído para isso, ela estava totalme...