Capítulo 77 Passado Esquecido.

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Asafe

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Asafe







Eu entrei na sala de visita para encontrar Fiorella bisbilhotando. Estava tão distraída mexendo nas gavetas que costumavam ficar alguns livros e álbuns da vovó que nem notou minha presença.

- Encontrou algo interessante, Fiorella, querida? – perguntei com um meio sorriso que se entendeu quando percebi que a assustei.

- Sim, claro. – Ela disse virando para mim – a Marina tem um ótimo gosto para coisas vintage.

Fiorella suspirou, e quando voltou a falar sua voz estava colorada e aveludada. Era incrível. Não tirava a máscara por nada.

- Bom dia, Suzana. Asafe me trouxe para me despedir da Marina. – Ela continuou andando um pouco e sentando em uma poltrona – estamos retornando para Londres depois do almoço.

- Antes tarde do que nunca. – Murmurei de mau humor.

- Imaginei que sua gentileza no jantar de ontem não tinha sido nem um pouco sincera. – Fiorella zombou.

A expressão dela me fez perguntar se havia alguma piada que eu estava perdendo. Os canto da boca dela estavam retorcidos, em um sorriso.

- Então você ainda não aceita meu relacionamento com Asafe. – Ela concluiu – qual vai ser a abordagem agora para nos separar? Imagino que tenha desistido da ideia de me humilhar ou tratar mal.

Sentei-me imóvel esperando ela encontrar meu olhar, quando o fez eu a encarei por alguns segundos.

- Eu não preciso fazer nada. Esse relacionamento se dará ao fim sem minha intervenção.

Fiorella riu de leve, como se o que eu tivesse acabado de falar fosse a coisa mais absurda do mundo.

- É mesmo?

Assenti.

- Estamos em países diferentes, por quanto tempo você acha que isso vai durar? – questionei.

Fiorella me olhou e sorriu. Mas em seu rosto havia uma expressão severa e amargurada. Então eu soube que aquele era o ponto fraco.

- Eu conheço meu irmão. – Continuei – e não dou um ano para esse relacionamento... Aposto que ele nem mesmo disse a você o real motivo de estarmos aqui. – Continuei com satisfação ao encontrar a resposta em seus olhos antes que ela pudesse esconder – também não deve ter dito que não vamos mais voltar.

Ela não respondeu, mas eu esperei por um longo minuto antes de voltar a falar.

- Você pode perguntar, mas imagino que não o fará. Tem medo de pressioná-lo não é? E perder a galinha dos ovos de ouro.

- Acha mesmo que seu irmão é apenas isso para mim? – Ela questionou com a voz doce e aveludada, carregada de veneno e falsidade.
Sorri.

Fiorella não amava meu irmão. Eu tinha certeza.

- Um dia Fiorella, você será esquecida. Apenas um passado distante que não vale a pena ser lembrado. – Disse com a voz mais instável possível.

Eu só sentia por meu irmão. Porque ele sim a amava.

- Vamos ver. – Ela respondeu com indiferença. Depois seu rosto se alterou e exibiu um grande sorriso – oi meu amor.

Quando me virei Asafe estava entrando na sala. Como sua expressão estava calma imaginei que não tinha nos ouvido.

- A vovó já está descendo para o café. – Ele avisou abaixado para beijar o rosto dela e depois vindo até mim.

– Bom dia irmã. – Me cumprimentou com um beijo na testa. – Do que falavam?

- Suzana estava aqui me contando que dá próxima vez em que viemos eu deveria ficar mais tempo, assim ela e Gabriela poderiam me apresentar Santos. – Fiorella mentiu, vindo em nossa direção e passando as mãos pelo braço de Asafe.

Que garota falsa.

- É mesmo? – Asafe me olhou desconfiado, se perguntando se acreditava ou não.

Mas se ela era falsa, eu conseguia ser mil vezes pior.

- Sim. – Comrrespondi o sorriso – isso seria ótimo.

☘️

- Estavam indo para escola sem falar comigo? – Davi questionou descendo as escadas esbaforido.

- Você estava em um sono tão pesado, não queríamos te acordar. – Asafe explicou.

- Mas deveriam. Não ouvi o despertador, e agora estou atrasado. – Ele continuou vindo até mim – uma ajudinha Su. – Pediu gesticulando para a gravata.

Assenti tentando torná-lo o mais apresentável possível. Mas estava um pouco difícil, o cabelo estava desgrenhado. Ele não tinha tido tempo de cortar, e as olheiras em volta dos olhos denunciava que ultimamente ele não estava tendo tempo nem para dormir.

- Conseguiu remarcar seu horário com a psicóloga?

Meneei com a cabeça dando um último nó na gravata.

- Sério? Bom, então eu... – Davi começou mas eu o interrompi.

- Você não precisa se preocupar. Depois da aula eu vou com motorista e retorno. Andava sozinha em Londres, sou capaz de fazer o mesmo aqui. – Afirmei.

Davi segurou minhas mãos com carinho.

- Mas você não precisa...

- Não mesmo. – Asafe retorquiu – eu vou com você.

- Mas e o seu treino? A escola vai jogar hoje.

- Posso ficar de fora...

- Você vai jogar hoje? Porque não me disse? – Davi confuso.

Asafe contei o sorriso e deu um tapinha no ombro de Davi.

- Eu falei irmão. Você deve ter esquecido.

Ele andava tão ocupado tendo que assumir um novo cargo na Levins daqui, e ajudando vovó com os restantes que estava muito sobrecarregado. Eu queria poder fazer alguma coisa pra ajudar.

Davi respirou fundo.

- Devo ter mesmo.

- Precisa de uma secretária. – Comentei.

- Sim, e de um assistente pessoal. Irei providenciar isso. – Ele concordou – sobre seu horário, eu posso mesmo desmarcar algumas coisas para te levar.

Meneei com a cabeça.

Que falta que a vovó fazia. Ela tinha ido visitar uma tia distante, que estava doente. Então já fazia uns três dias que éramos só nós três. E estava começando a achar que não éramos tão bons nisso como acreditava que éramos.

- Eu vou ficar bem. Todos nós vamos. – Afirmei. – nos vemos a noite no jogo, tenta se alimentar. – Pedi. Nem precisava dizer que ele havia perdido peso. Era evidente.

Davi

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Davi

O AMOR ME CUROUOnde histórias criam vida. Descubra agora