Suzana e Rebecca
Assim que fitei meu reflexo no espelho, na manhã de segunda feira, eu tive certeza que quem quer que tenha feito desenhado o fardamento do Jean Piaget, não era bom nisso.
A calça azul e folgada parecia mais um moletom, a camiseta cinza, era feia, e sem corte. Era horrível em todos os aspectos.
Fiz uma careta com resignação, peguei minha bolsa e saí do quarto. Tomamos todos café, juntos e logo depois o motorista da vovó nos levou para a escola.Durante o caminho eu me senti um pouco nervosa, era tudo tão novo, escola, país, vida... Todas as mudanças me deixavam um pouco desconfortável, mas o desconforto passava quando lembrava que era mil vezes melhor estar aqui, do que em Londres.
Asafe, sentado à minha frente parecia não se importar com nada, tranquilo como se estivesse indo a um lugar já familiarizado. Essa era uma das muitas vezes que eu gostaria de ser como ele, e encarar as mudanças tão bem.
Assim que o carro estacionou na entrada da escola, nós fomos encaminhados para a diretoria. Uma mulher baixinha nos deu as boas vindas, nos falou um pouco da escola, e depois nos levou para nossas salas. Quando entrei, o professor ainda não tinha chegado. Rebecca, a amiga da vovó estava sentada na segunda fileira, ao lado das janelas, ela sorriu para mim, e acenou para a mesa ao seu lado. Eu segui e sentei, me sentindo estranha com o fato de que mesmo com aquele uniforme horrível, ela estava bonita.
- Bom dia, Suzana.
- Bom dia Rebecca, como vai? – Perguntei por educação.
Ontem depois do culto tínhamos nos visto na igreja, tanto ela como Sarah. Vovó tinha aproveitado para apresentar o pastor, pai da Sarah, sua mãe, os pais de Rebecca, e muitas outras pessoas. Era notório que vovó gostava muito dessas pessoas, e elas igualmente dela, eu me sentia até um pouco ameaçada. Parecia que ela tinha muitos netos postiços.
- Bem, e você? O que está achando da escola?
Desinteressante.
- Legal.
Felizmente o professor escolheu esse momento para entrar, então as conversa sessaram.
As duas primeiras aulas foram de português, o que era estranho para mim. Português aqui era gramática. Logo depois dela fomos liberados para o intervalo. Rebecca nos guiou para o restaurante da escola, nós fizemos nossos pedidos e depois fomos para a mesa, onde Sarah estava com Asafe, e um outro rapaz que eu não sabia quem era, mas me lembrava de vê-lo na igreja na noite anterior.
Asafe já estava todo amiguinho dele e da Sarah, a miss Londres era boa nisso de se enturmar. Depois do intervalo tivemos mais três aulas, e fomos liberados para ir embora. E assim a Segunda passou.
☘️
Na terça, eu fiquei mais empolgado com o final da aula, já que o motorista me levou para o Moreal do centro, onde ficava o escritório da vovó, ela havia falado pela manhã que as terças era em família, então o combinado era que todas as terças almoçaríamos juntos em um Moreal.
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O AMOR ME CUROU
RomanceSuzana Moreal Levins, morava na Inglaterra desde os sete anos de idade, a Londres fria e chuvosa era o único lar de que se lembrava, e era também o ultimo lugar em que queria está. Um trágico acidente havia contribuído para isso, ela estava totalme...