Capítulo 68 Eu Me Sinto.

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Vovó Marina

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Vovó Marina














Logo depois de uma breve conversa educada, Asafe se retirou. Vovó ainda demorou um pouco para voltar, e quando o fez, as garotas se despediram e partiram também, de modo que acabamos por ficar só nós duas, como eu queria.

- Conseguiu mesmo descansar, querida? Quero que seja sincera comigo. – Ela perguntou, depois que sentou ao meu lado.

Eu assenti sem titubear.

- Na verdade, nem lembro qual foi a última vez que consegui dormir tão bem. – Afirmei com sinceridade.

Vovó segurou minhas mãos com cautela.

- Você passou por muitas coisas difíceis nos últimos dias... – Ela sussurrou olhando fundo nos meus olhos – nem consigo imaginar o quão doloroso deve ter sido.

Suspirei tentando não chorar ali, e falhando miseravelmente.

- Ele fez muito mal a você, não fez? – Vovó questionou com com a voz carregada de ternura, e ao mesmo tempo compaixão.

- Muito mais do que posso expressar com palavras vovó... – Sussurrei – Edward não machucou só meu corpo. Ele me feriu por dentro, ansiedade, depressão, ataque de pânico... – Solucei com dificuldade, tentando puxar o ar dos meus pulmões.

Falar sobre aquilo, admitir que tudo que eu sentia se devia a ele, que tinha sido ele a me causar todos esses traumas, era estranho, estranho e doloroso.

Vovó apertou minhas mãos com um pouco mais de força, como se quisesse me lembrar que ela estava ali ao meu lado, que eu não estava sozinha e  a intimidade com a qual ela fazia isso, tocou me profundamente.

- Agora não precisa passar por nada disso, você está segura Suzana. Não precisa ter medo. – Ela me abraçou, e eu tive que me segurar para não chorar novamente.

Tinha medo que os meninos entrassem e me vissem chorando. Não queria que eles se preocupassem.

- Está segura, minha querida. – Vovó repetiu mais uma vez.

Eu engoli a bola na minha garganta e consegui dizer com a voz trêmula:

- Eu me sinto.

Pela primeira vez depois de Edward ter me atacado, eu me sentia realmente segura.
Vovó desfez o abraço e voltou a me fitar.

- Agora que está aqui, vamos cuidar da sua saúde. Física e mental.

Assenti. Eu queria isso.

- Marquei para a próxima semana, uma sessão com uma psicóloga. Ela é umas das melhores, você pode fazer a primeira sessão, e se gostar dela, pode continuar, ou podemos procurar outra. O que você precisar. – Vovó afirmou passando a mão sobre meu rosto e enxugando as lágrimas.

Mamãe nunca antes tinha demonstrado tanto preocupação comigo.

- Obrigada vovó. – Disse com sinceridade – por tudo...

Por ter me aceitado em sua casa. Por estar me ajudando. Por se preocupar. Por me amar.

Vovó sorriu docemente para mim, e quando moveu os lábios para responder, foi interrompida por Davi, que entrou de uma vez na sala.

Ele ainda estava em sua roupa de tênis, e carregava uma expressão tensa em seu rosto, que ele fez questão de esconder assim que nos notou.

- Boa noite. – Ele disse antes de depositar um beijinho na testa da vovó, e outro na minha em seguida.

- Boa noite querido, como foi na Levins? – vovó perguntou distraidamente.

- Terrível. – Davi respondeu sentando de frente para nós e se servindo do suco – todos por lá me odeiam, inclusive os amigos do vovô e do papai. Acham que estou aqui para tomar o lugar deles.

- Porque isso parece tão terrível para eles? – Questionei sem entender – você é o dono de tudo mesmo.

- Porque sou mais novo, e eles odeiam a ideal de se sujeitarem a alguém que tem idade pra ser o neto deles.

Revirei os olhos. Aquilo era ridículo.

- Então demite eles! – Soei com raiva por eles estarem sendo tão horríveis com meu irmão.

- Se fosse assim tão fácil... – Davi respirou fundo – e então quais são os planos para a noite, vovó? – Davi continuou querendo mudar de assunto – gostaria de ir ao culto com a senhora, quero conhecer sua igreja. Preciso decidir onde vou congregar.

- Você está mais que convidado. Na verdade vou adorar que se congregue conosco. – Vovó sorriu para ele.

- Eu posso ir também? – Perguntei meio hesitante. Eu não estava com vontade de ir, na realidade nem gostava muito, mas queria agradar vovó.

- É claro querida. Eu vou gostar muito, deveríamos ir todos, e depois podemos ir a um Moreal para jantar. O que acham?

- Ótima ideia Vovó. Eu vou subir para tomar um banho e avisar Asafe. – Davi concordou.

- Eu também vou subir para me arrumar. – Avisei ficando de pé, empolgada com a ideia de sairmos, principalmente a um Moreal. – Não demoro vovó. – Afirmei seguindo Davi pela saída.

Davi

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Davi

O AMOR ME CUROUOnde histórias criam vida. Descubra agora