Nosso mundo apocalíptico

Medo

...QT...

-Não está com sono? -Looke perguntou para Jay que ainda estava sentado ao seu lado.

-Não muito, e prefiro te fazer companhia. -Cruzou as pernas.

Na realidade Jay estava com medo, estava apavorado, temia a morte. Nada garantia que Looke não dormiria, ele sabia que o moreno era muito cheio de si, e que não iria acordar ninguém para ocupar seu posto. E naquele meio, tinha medo dos infectados atacarem, medo de que eles matassem seus amigos, sua família. Então não tinha sono, não conseguia pensar na hipótese de adormecer tranquilamente como os outros faziam a cerca de três horas. Qualquer barulho despertava os sentidos do loiro, e nunca desejou tanto o colo da mãe. O desespero de estar em um apocalipse começava a tomar seus poros, e tudo que ele podia fazer, era fingir que estava bem, e tomar a frente em diversas situações. Mas tremia, temia, e mais que tudo sabia que em algum momento isso viria à tona, e sabia que não teria ninguém para acolher seu caos.

-Você está a três horas parado e mudo. -Looke riu. -Bela companhia.

-Desculpa por isso, não sei sobre o que conversar. -O loiro olhou para o rosto cansado e abatido do moreno. Queria acordar daquele pesadelo.

-Não precisa se desculpar. Eu sei como isso tudo assusta. -Looke esbarrou no ombro de Jay devagar. -Você pode conversar comigo, somos amigos.

-Realmente assusta, mas eu prefiro guardar por enquanto, se eu falar agora vou acabar enchendo sua cabeça também, e você é outro que precisa conversar. -Jay disse baixo. Não queria que os outros ouvissem.

-Então vamos deixar para lá. -Seu sorriu foi fraco, medroso e inseguro. -Eu também não estou pronto.

-Só não quero que exploda, você sabe que eu posso lidar com isso, já estive do seu lado outras vezes, e isso não vai mudar. -O loiro se levantou, indo atiçar o fogo da fogueira mais afastada do grupo.

-Eu não vou explodir, e eu sou grato a todas as vezes que você me ajudou. -Looke desviou dos olhos atentos do loiro.

Looke assim como todos dali, tinha medos, e um dos maiores deles, além da morte, era explodir, era deixar que o controle faltasse e a raiva tomasse conta, temia correr o risco de machucar alguém, ele nunca se perdoaria. Mas não estava pronto para contar a alguém tudo que o incomodava. Preferia manter-se controlado, e quando tudo se perdesse, ele iria sair, se acalmaria e voltaria bem, sem machucar ou assustar alguém. Não sabia como se sentiria se Scar visse seu descontrole. Ela teria medo dele? Se afastaria? O jovem era perseguido por pensamentos intrusivos. 

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