Mordida

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...

-Diga. -Scar, limpava um pequeno arranhão na perna da jovem. -O que é tão importante que os outros não podem saber? -Encarou a ruiva curiosa.

Max respirou fundo, afastando o cabelo de seu ombro esquerdo. Scar imediatamente afastou-se. Ela tinha sido mordida. Mas a pequena sabia que isso não era o veredito para uma infecção, ninguém sabia como os zumbis se reproduziam, mas era perigoso. Olhou para a mordida que tinha uma cor esverdeada, sangrava e depois encarou os olhos cansados da menina. E daquela vez, foi a pirralha quem precisou respirar fundo e pensar o que faria. Se aproximou da ruiva, deduzindo que se ela ainda não atacou ninguém, não a atacaria ali. Pegou algodão, água, sorriu minimamente para a ruiva e passou a limpar a região infectada.

-Não disse para mais ninguém? -Scar perguntou.

-Não. Eu sei o que vai acontecer depois que eles descobrirem.

-Realmente, não faço ideia do que vão querer fazer. -Max tremeu sobre o toque no álcool na ferida. -Você não sentiu nada estranho ainda?

-Depois que ele me mordeu, eu tive um apagão, fiquei acho que horas apagada, e depois tive a sensação de que iria convulsionar a qualquer momento. -Ela olhou para o além das árvores e parecia forçar a memória. -E então eu comecei a procurar por vocês, já estava muito machucada e não me sentia bem no total, mas as vezes minha visão apaga, eu vejo tudo negro e sinto meu coração desacelerar. -Scar estava impressionada, largou tudo que tinha em mãos, e correu até o pequeno caderninho, anotou tudo que Max descreveu sentir. Seria importante ter anotado os primeiros comportamentos de um infectado, e saber quanto tempo demora até que tudo começasse de fato a acontecer.

-Só isso? Nada de fome, raiva ou algo parecido? -Scar perguntou batendo a caneta no espiral do caderno.

-Os barulhos. -Max apontou para a caneta. -Estão altos demais, e me irritam. -Scar parou imediatamente de bater.

-Ok, desculpa por isso. - Ela sorriu se aproximando e começou o processo de limpeza de novo.

A menor não sabia o que fazer, contaria para os outros, para alguns, ou para todos? Iria cobrir aquilo, e esperar que a ruiva contasse? Mas e se ela se transformasse e atacasse eles? A culpa cairia sobre ela, por saber e não contar a verdade. 

...

Nosso mundo apocalípticoOnde histórias criam vida. Descubra agora