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Scotth não ia ao cemitério só por ser sua namorada, não por pena dela, ou porque tinha uma esperança idiota de que ela o reconhecesse. Mas sim porque ele sentia culpa, uma gigantesca culpa, que abarrotava sua mente o tempo todo, preenchia seu corpo a cada bater de seu peito, e ele não conseguia se livrar daqueles fatídicos sentimentos. Apenas doía, e corroía. E olhar para ela daquele jeito era como um castigo, de que por causa do seu descuido, e medo, ficaria sem o seu amor, perderia o prazer de poder ser amado, e guardado como Max o guardava e amava. Seria obrigada a viver com o vazio, teria metade da sua alma arrancada, e suportaria tudo aquilo em silêncio e sozinho.
-Eu estou tão perdido, Max. -Ele disse mais alto, despertando os gritos sôfregos da jovem. Ela gritou e se debateu nas grades, mas o moreno permaneceu falando, precisava daquilo, mesmo que no final seus ouvidos sangrassem. -É tudo tão estranho agora sem ser nós dois, eu não sei como é viver sem ter você ao meu lado. E sabe? O mundo tá acabando, e eu não tenho você no pior momento. Eu estou arrodeado de gente estranha, e que pode me matar a qualquer momento, e isso me assusta tanto. Não estou sabendo lidar com nada ultimamente, estou tendo que matar zumbis como louco, atirar em pessoas inocentes, passar fome, ficar sem dormir, fazer coisas que eu nunca imaginei que seria necessário. -Ele dizia tudo aquilo enquanto se debruçava em lágrimas, nem se importava mais com o barulho da garota.
-Eu sou malvado por deixar você aqui? Por não te matar, ou libertar? -Scotth encarou o rosto da namorada, que estava estranhamente parada atrás das grades, observando ou não o moreno. Scotth se assustou por um segundo, ela não reagia com os gritos e tentativas inúteis de pegá-lo. Estava estática, com seus olhos negros apontados para o moreno. -Max? -Ele não teve respostas, mas se apegou na possibilidade da ruiva estar o ouvindo e entendendo.
-Eu sou culpado por me sentir assim? -Ele perguntou se perdendo naquele mundaréu negro. -Eu estou errado em me odiar ao ponto de querer entrar aí? -Questionou admirando o rosto da jovem, suas sardas ainda estavam ali apagadas, mas para ele que as conhecia como nunca eram visíveis e ainda lindas. -E eu sei que em vez de fazer isso, ou procurar a resposta, eu deveria te deixar ir, mas eu não consigo Max. -Ele se aproximou minimamente, esperando a reação dela. -Se você me entende, me perdoa. Me perdoa por não ter ido atrás de você, não ter notado essa mordida antes, e não conseguir te matar ou te soltar. -Scotth deu mais um passo para perto, e notou as sobrancelhas ruivas da jovem se erguerem. -Você me entende? -Observou ela. -Eu acho que sim...-Sorriu derramando mais lágrimas. -Eu quero ficar com você, não quero ir.
De repente Max se aproximou das grades, devagar. Tentou não assustar o moreno, que inebriado pela surpresa, permaneceu parado, observando ela se aproximar. E então Scotth seguiu a mão da jovem, que tocou delicadamente a arma no coldre da cintura dele. Ele encarou os olhos da garota, apavorado por deduzir o que aquilo significava. Max grunhiu baixo, dolorosa, e Scotth entendeu. Max estava sofrendo, sentindo dor, e queria que o moreno acabasse com aquilo de uma vez. Ela lutou contra o vírus dentro dela, para ouvir o namorado e para finalmente mostrar o que todos aqueles monstros desejavam. A morte.
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Nosso mundo apocalíptico
Fiksi IlmiahUm grupo de jovens, uma explosão e muita jornada pela frente. Seria possível uma instabilidade entre tudo e todos? Uma arma na mão de pessoas tão jovens, seria a solução ou o começo de algo grande e ruim? A sobrevivência seria crucial, mas a mente s...